Em média, 50 animais morrem nas estradas de Mato Grosso do Sul por mês, conforme dados da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra).
O tatupeba, cachorro-do-mato e seriema são as maiores vítimas no trecho de 600 quilômetros monitorado nas estradas entre os municípios de Aquidauana e Bonito.
Para reduzir as mortes nas rodovias, o governo de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Agência de Gestão de Empreendimentos (Agesul) e da Seinfra, desenvolveu em 2016 o programa Estrada Viva, a fauna pede passagem, ação permanente de monitoramento e de redução de atropelamento de animais silvestres nas rodovias MS 040, MS 178, MS 382, MS 339, MS 345 e MS 450.
Na prática, o programa Estrada Viva, em parceria com o Centro de Estudo em Meio Ambiente e Áreas Protegidas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Cemap/UEMS), cataloga as espécies atropeladas e identifica os principais pontos de passagem dos animais para propôr medidas preventivas e de mitigação dos incidentes.
O que os números não mostram é que, além das mortes dos animais silvestres, que já configuram um fator grave, considerando que muitas espécies estão na lista de risco de extinção, os atropelamentos nas rodovias de MS também tiram muitas vidas humanas.
Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, entre 2007 e 2019, ocorreram 614 colisões com animais com vítimas humanas ou feridas.
De acordo com a Agesul, o período de férias escolares concentra a maior incidência de atropelamento de animais silvestres, quando há aumento do fluxo de veículos nas estradas.
HISTÓRICO
Segundo estudo feito pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres de Mato Grosso do Sul (Icas-MS), mais de 12 mil animais silvestres morreram em colisões com veículos, nas rodovias de Mato Grosso do Sul nos últimos cinco anos.
O monitoramento foi realizado entre 2017 e 2021 em quatro rodovias asfaltadas do Estado: MS-040, MS-178, MS-382 e BR-359.
MANUAL
Ao Correio do Estado, a bióloga do Projeto Bandeiras e Rodovias do Icas Erica Naomi Saito explicou que, na intenção de reduzir as mortes por atropelamento nas rodovias, o governo do Estado lançou em 17 de dezembro de 2021 o Manual de Orientações Técnicas do Programa Estrada Viva.
Segundo Saito, o documento foi elaborado pelo governo estadual em parceria com o Icas e demais instituições ambientais para que todas as construções de estradas de MS possam atenuar a violência no trânsito para os animais e os condutores.
“Este manual foi instituído como uma política pública, e a partir dele todas as novas obras rodoviárias em MS terão de ter medidas para atenuar os atropelamentos. Isso é considerado uma grande conquista para a biodiversidade do Estado e para a segurança dos usuários da rodovia, que por vezes sofrem acidentes e até morrem ao atropelarem animais”, destacou a bióloga.
Conforme as orientações do documento, para que colisões sejam evitadas, os motoristas devem dirigir preferencialmente durante o dia e dentro do limite de velocidade.
Se o condutor for parar para o animal atravessar a pista, deve prestar muita atenção no tráfego à frente e atrás, reduzir a velocidade e tentar parar o veículo apenas no acostamento com o pisca alerta ligado.
“Por meio do projeto ‘Bonito Não Atropela’, por enquanto, já conseguimos a implementação de dois passa-faunas para animais arborícolas, como macacos na região de Bonito. Também está na fase de licitação a implementação de passagens subterrâneas”, afirmou Saito.
A bióloga reiterou que Mato Grosso do Sul é um estado campeão em biodiversidade, e ao mesmo tempo com um histórico substancial de atropelamentos.
“É muito importante a parceria e a colaboração entre diversas instituições e os administradores e gestores da rodovia, as políticas públicas funcionam, acreditamos que trabalhando juntos vamos mais longe e com estradas mais seguras para todos”, finalizou.
Fonte: Correio do Estado