Entre os muitos equívocos da Copa do Mundo de 2014 está a escolha do tatu-bola como seu mascote. Fuleco não se parece com um tatu, tem cara de personagem de desenho japonês e seu nome é a improvável junção de “futebol” com “ecologia”.
Uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo revelou um aspecto trágico relativo ao Fuleco. Tatus-bola reais estão cada vez mais raros.
Quando apanhados são vendidos por míseros 50 reais. Isso é menos do que custa um boneco de plástico do mascote licenciado pela FIFA.
A desgraça do tatu-bola é seu próprio mecanismo de defesa. Ao encontrar um predador pela frente, ele se enrola numa carapaça dura. Quando encontra um ser humano, faz o mesmo. E aí basta pegar o animal e colocá-lo num saco.
A matéria do Estado de São Paulo entrevistou o biólogo Rodrigo Castro, coordenador da Associação Caatinga que resumiu a situação catastrófica da espécie: “Em dez anos, houve uma redução de 30% da população. A caatinga está 50% degradada. E detectamos que não se caça mais por fome. Faz-se isso porque é cultural, recreativo ou comercial. Do jeito que está, o tatu-bola não vai sobreviver mais 50 anos.”
A FIFA está movimentando uma quantidade astronômica de dinheiro para produzir a Copa do Mundo no Brasil. Usou o tatu-bola como símbolo e vende o modelo de plástico por R$ 59,90 e o de pelúcia por R$ 79,90. Pois nem um centavo de todo o dinheiro gerado pela Copa do Mundo vai para a preservação da espécie. “Protegendo o tatu-bola, você está protegendo todo o ecossistema”, declarou Rodrigo Castro ao Estado de São Paulo. “A FIFA usou o argumento de utilizar um animal ameaçado como mascote, mas não deu nada em troca. Isso não é ético.”
A Copa vai acabar. E o tatu-bola, desse jeito, também.
PS – para conhecer a Associação Caatinga e participar da campanha de preservação do tatu-bola acesse acaatinga.org.br.