Localizada no Litoral Sul de Alagoas, a praia do Pontal do Peba é ponto certo de visitação turística. Das dunas situadas próximas à foz do “Velho Chico” aos bares localizados na área urbana do povoado, moradores e turistas não se cansam das belezas do local, cenário ameaçado por dois tipos de crimes ambientais: o lançamento de resíduos de lixo sólido no litoral e a morte de tartarugas marinhas.
Fotografias recentes mostram flagrantes das duas situações lamentáveis distribuídos à imprensa pelo Subtenente Aldori Junker, que responde pelo Tiro de Guerra de Penedo. Em sua mensagem eletrônica, o oficial do Exército lança a pergunta: “Como este lixo vai parar no mar ou em suas adjacências e como estas tartarugas morrem?” e acrescenta algumas respostas aos questionamentos.
Fundamentadas em relatos da população local e integrantes de uma entidade não identificada no e-mail que estaria monitorando a praia do Peba, as explicações tem em comum a interferência direta do homem no equilíbrio do ecossistema. O lixo que chega até a areia da praia foi jogado por pescadores e tripulantes de embarcações que navegam em alto-mar, sujeira que o oceano devolve à terra.
“Essas toneladas de lixos são descartadas sem qualquer preocupação e além de poluírem o mar e a praia, estão matando animais marinhos. Uma ONG que monitora diariamente a praia encontra várias tartarugas mortas, e, de seus estômagos são retirados lixos de todos os tipos”, descreve o Subtenente Junker na mensagem, sobre a ingestão de plásticos por tartarugas.
Projeto Tamar ajuda a investigar a causa das mortes
A reportagem do site aquiacontece.com.br manteve contato com o Projeto Tartaruga Marinha (Tama), criado em 1980 pelo governo federal para pesquisar e proteger as cinco espécies do animal encontradas no Brasil, todas ainda sob risco de extinção, apesar dos avanços alcançados ao longo desses 30 anos.
A base que responde pela área situada entre a foz do Rio São Francisco e o limite, pelo litoral, entre Piaçabuçu e Feliz Deserto está localizada em Pirambu-SE, Estado que tem mais duas bases do Projeto Tamar funcionam (Praia de Abaís, em Itaporanga D’Ajuda, e Ponta dos Mangues, município de Pacatuba).
A coordenadora técnica da base Pirambu e bióloga Jaqueline de Castilho informou que o Tamar retomou suas atividades no Pontal do Peba em abril do ano passado, com dois funcionários. “O que a gente busca é investigar a causa da morte das tartarugas ou que pode ter influenciado”, explicou, ressaltando que a desova de tartarugas no Peba não acontece em quantidade suficiente que justifique a instalação de estrutura para coleta e proteção de ovos.
“O problema maior no Pontal do Peba estava relacionado com a desova, as pessoas recolhiam os ovos das tartarugas para comer, um costume que ainda existe em todo o litoral brasileiro, mas houve uma redução significativa nesse aspecto devido ao trabalho de informação desenvolvido com os moradores”, afirmou a bióloga sobre a atuação que marcou o início dos trabalhos do Projeto Tamar.
Em relação ao foco do trabalho no Pontal do Peba, Jaqueline de Castilho informou que a busca por tartarugas mortas é feita durante a maré baixa. A bióloga disse ainda que a influência humana nas causas da morte de tartarugas marinhas é “muito ampla”, interferência agravada nos 23 quilômetros da praia do Peba pelo uso de redes de arrasto nas embarcações que fazem a pesca de camarão.
A malha fina leva toda espécie de pescado, pesca que já provoca redução na quantidade do crustáceo no litoral entre Alagoas e Sergipe. Por conta disso, o Ibama conseguiu instituir o defeso do camarão do mar, período no qual a pesca fica proibida para a reprodução da espécie entre 1º de dezembro e 15 de janeiro, 45 dias com redução já constatada de morte entre tartarugas, o que certamente não se trata de mera coincidência.
Um dia após o fim do defeso do camarão, uma tartaruga grande foi encontrada morta na praia do Peba pelo Subtenente Aldori Junker, animal que tinha pedaços de rede em uma das nadadeiras. O uso de redes de arrasto lidera o ranking das principais causas de morte entre tartarugas marinhas no Brasil, lista que tem ainda a poluição (lixo) do mar, principalmente plásticos que as tartarugas ingerem porque confundem com comida; a ocupação irregular do litoral e o transito de veículos à beira-mar.
Fonte: Aqui Acontece