Uma pesquisa trouxe a primeira evidência concreta de que tartarugas marinhas conseguem aprender e recordar assinaturas magnéticas específicas de diferentes regiões geográficas. Ou seja, elas contam com uma espécie de “GPS natural” para navegação. O estudo, publicado na revista Nature, ajuda a explicar como esses animais conseguem percorrer grandes distâncias e retornar a locais de alimentação e reprodução.
Áreas de alimentação
Os pesquisadores demonstraram, por meio de experimentos controlados, que as tartarugas conseguem associar campos magnéticos a locais onde encontram alimento. Esse aprendizado sugere que elas utilizam essas informações para voltar a áreas de alimentação, aumentando sua precisão na navegação. Além das tartarugas, outros animais migratórios podem se beneficiar dessa capacidade.
“Nossa pesquisa investigou pela primeira vez se um animal migratório pode aprender a reconhecer as assinaturas magnéticas de diferentes áreas geográficas”, disse Kayla Goforth, principal autora do estudo e pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos Estados Unidos. A descoberta preenche uma lacuna importante no entendimento sobre a navegação animal, já que cientistas especulavam sobre essa habilidade há décadas, mas não havia provas concretas sobre ela.
“A capacidade de diferenciar campos magnéticos de diferentes áreas geográficas provavelmente explica como muitos animais – não apenas tartarugas marinhas – conseguem navegar longas distâncias até locais específicos”, afirmou Ken Lohmann, professor de biologia da mesma universidade.
Além das implicações para a ciência, a pesquisa pode auxiliar na conservação das tartarugas marinhas e no desenvolvimento de novas tecnologias de navegação. “Sabemos há 20 anos que tartarugas têm mapas magnéticos e, agora, ao mostrar que podem aprender novos locais, entendemos como esses mapas podem ser construídos e modificados”, disse Catherine Lohmann, coautora do estudo.