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INTERFERÊNCIA HUMANA

Tartarugas marinhas encalham em praias de Cabo Frio e Búzios (RJ)

Animais resgatados são de espécie em extinção, e apresentavam sinais de interação com atividades de pesca

6 de novembro de 2024
Redação Folha dos Lagos
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Folha dos Lagos

Duas tartarugas marinhas ameaçadas de extinção foram encontradas encalhadas nas praias do Peró, em Cabo Frio, e Manguinhos, em Búzios, ambas no Rio de Janeiro. Os animais, uma tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), apesar de vivos, apresentavam claros sinais de interações prejudiciais com atividades pesqueiras.

A equipe do Projeto de Monitoramento de Praias, executado pelo Instituto Albatroz na Região dos Lagos, procedeu com o resgate dos animais, encaminhando-os para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da instituição, em Araruama (RJ), onde os cuidados com os animais foram prontamente iniciados. As duas tartarugas apresentavam quadros de pneumonia secundária à aspiração de água e estão atualmente sob os cuidados da equipe de veterinárias e tratadores do CRD do Instituto Albatroz, passando por processo de estabilização. Ambas já apresentam melhora.

Episódios como estes são comuns no resgate de animais marinhos, que frequentemente interagem com a pesca e podem ser capturados de forma não-intencional. Durante as saídas de pesca, são lançados ao mar materiais como linhas, anzóis, redes e outros itens necessários para a captura dos peixes, que podem ser confundidos com alimento e ingeridos por animais marinhos, interação conhecida como captura incidental.

“Estes eventos são um triste lembrete dos impactos diretos da pesca sobre a vida marinha. A situação dessas tartarugas destaca a necessidade de práticas de pesca responsáveis e regulamentadas”, afirma a médica veterinária Gabriela Bezerra. Amostras foram coletadas para exames hematológicos com o objetivo de avaliar mais detalhadamente a situação de saúde dos animais e gerar dados para futuras ações de conservação.

No Brasil, a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) é facilmente identificada por seu grande tamanho e cabeça volumosa. Esta espécie se alimenta principalmente de moluscos, crustáceos e peixes, utilizando sua mandíbula robusta para quebrar as carapaças de suas presas. Ela é frequentemente encontrada nas águas costeiras brasileiras, onde realiza seu ciclo de vida, desde a nidificação até o crescimento dos filhotes.

A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) também frequenta as águas brasileiras e possui uma cabeça estreita e bico afilado, usado para se alimentar entre rochas e recifes. Possui uma dieta bem específica, alimentando-se principalmente de esponjas marinhas. Sua carapaça é altamente valorizada pela beleza dos padrões que apresenta, o que, infelizmente, a torna alvo para o comércio ilegal, usado na fabricação de joias e outros ornamentos. Essa espécie também enfrenta ameaças de perda de habitat de nidificação e de captura acidental em atividades pesqueiras.

Ambas as espécies desempenham papéis ecológicos vitais nos ecossistemas marinhos. Elas ajudam a manter a saúde dos habitats marinhos e são indicativas da qualidade ambiental das águas. Contudo, enfrentam desafios significativos decorrentes da atividade humana, como a captura incidental na pesca, poluição marinha e as alterações em seus habitats. É crucial que esforços de conservação continuem sendo intensificados para proteger essas espécies essenciais.

O Instituto Albatroz, que atua na Região dos Lagos desde 2014, recentemente inaugurou um Centro de Visitação em Cabo Frio e passou a executar o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, somando 25 praias espalhadas por 54 quilômetros de litoral. O monitoramento é feito diariamente a pé e com o uso de quadriciclos por técnicos e monitores.  A população também pode acionar as equipes de monitoramento ao avistar um animal marinho vivo ou morto nas praias, através do telefone 0800 991 4800.

Durante a atividade, aves e tartarugas marinhas encontradas vivas pelas equipes de campo são encaminhadas para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da fase de transição, em Araruama, também sob responsabilidade do Instituto Albatroz. Os animais encontrados sem vida também seguem para o CRD, onde são submetidos à necropsia para que a causa da morte seja determinada, quando possível.

O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.

Telefone de contato para acionamento do PMP-BC/ES na Região dos Lagos: 0800 991 4800

Fonte: Folha dos Lagos

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