Tartarugas marinhas ameaçadas mostram sinais de recuperação na maioria dos locais onde são encontradas no mundo, de acordo com um novo estudo global divulgado hoje (17/04).
O estudo analisou 48 populações de tartarugas marinhas ao redor do mundo. Cientistas mediram os impactos de ameaças como caça, poluição, desenvolvimento costeiro e mudanças climáticas sobre esses animais marinhos. Em mais da metade das áreas estudadas, as ameaças estão diminuindo no geral, segundo a pesquisa.
“Muitas populações de tartarugas se recuperaram, embora algumas ainda não tenham”, disse o ecologista da Universidade de Duke, Stuart Pimm, que não participou da pesquisa. “No geral, a história das tartarugas marinhas é um dos grandes sucessos da proteção.”
Mas há exceções. As populações de tartarugas marinhas no Oceano Atlântico têm maior probabilidade de se recuperar do que as do Pacífico. Além disso, as tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) não estão se saindo tão bem quanto outras espécies.
Globalmente, as tartarugas-de-couro são consideradas vulneráveis à extinção, mas muitos grupos estão criticamente ameaçados, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Todas as sete regiões onde as tartarugas-de-couro são encontradas enfrentam altos riscos ambientais, disse Bryan Wallace, coautor do estudo e ecologista da organização Ecolibrium, no Colorado.
As tartarugas-de-couro são conhecidas por realizar as mais longas migrações marinhas conhecidas entre os animais – algumas nadam até 5.955 quilômetros em cada viagem. Essa façanha as leva por uma ampla variedade de regiões e pode expô-las a riscos únicos, explicou ele.
Enquanto isso, as tartarugas-verdes (Chelonia mydas) ainda são consideradas ameaçadas globalmente, mas suas populações mostram sinais de recuperação em muitas regiões do mundo, descobriram os pesquisadores.
“Ao acabar com a captura comercial e dar tempo para que se recuperassem, suas populações agora estão indo muito bem” nas águas costeiras de várias regiões do México e dos EUA, disse a coautora Michelle María Early Capistrán, pesquisadora da Universidade Stanford que realizou trabalhos de campo nos dois países.
As tartarugas marinhas foram protegidas pela Lei de Espécies Ameaçadas dos EUA em 1973, e o México proibiu toda captura desses animais em 1990. Mas foram necessárias algumas décadas para que os resultados dessas ações – junto com esforços para proteger praias de desova e reduzir a captura acidental na pesca – se refletissem nas tendências populacionais, disse ela.
No mundo todo, o problema das tartarugas marinhas que morrem após ficarem presas acidentalmente em equipamentos de pesca ainda é uma grande ameaça, afirmou Wallace. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para protegê-las, mas precisam ser aceitas e usadas regularmente por diversas comunidades pesqueiras para serem eficazes, acrescentou.
O estudo foi publicado na revista Endangered Species Research e é a primeira atualização em mais de uma década.