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LITORAL DO SP

Tartaruga-verde resgatada em Peruíbe é devolvida ao mar em Praia Grande

25 de setembro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Esther Zancan

As areias da praia do Canto do Forte, em Praia Grande, testemunharam um momento emocionante na manhã desta quarta-feira (25): a soltura de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas). A jovem tartaruguinha foi devolvida ao mar pela equipe do Instituto Biopesca, onde o animal estava em processo de reabilitação desde 17 de agosto deste ano, quando foi resgatada por pescadores na cidade de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo.

Nem o tempo nublado impediu que várias pessoas acompanhassem a soltura. Alunos do colégio Novo Mundo, também localizado no bairro Canto do Forte, estavam presentes para assistir ao momento. Logo depois que foi retirada da caixa de transporte, ela, tal e qual uma estrela de cinema, posou para fotos e, em seguida, foi colocada na areia para que seguisse ao encontro das ondas. Quando já não era mais possível avistá-la em meio a água do mar, os presentes aplaudiram a cena repleta de significados.

Mordida por baiacu

De acordo com a equipe do Biopesca, a tartaruga é um indivíduo juvenil, uma “pré-adolescente”, com idade estimada entre 7 e 8 anos (as tartarugas-verdes podem viver por volta de 60 anos). Nessa idade, não é possível ainda determinar o sexo do animal. Ela foi encontrada por pescadores boiando. Em geral, não é recomendado que se retire um animal do mar.

O resgate só deve ser feito se ele está na faixa de areia. Entretanto, devido à experiência dos pescadores, eles perceberam que a tartaruga não estava com um comportamento normal, não conseguia mergulhar, e, nesse caso em específico, foi benéfica a sua retirada. Ela estava debilitada e com lesões em uma das nadadeiras, provavelmente provocadas por baiacu, uma espécie de peixe.

Tartaruga chegando na praia

Segundo a veterinária do Biopesca, Vanessa Ribeiro, responsável pela reabilitação da tartaruga, o animal não possuía anilha, o que, durante a estada no instituto, foi colocada. As anilhas são associadas ao projeto Tamar, o que permite que, caso o animal seja encontrado em outro ponto do litoral brasileiro, se tenha acesso ao seu histórico.

Vanessa também contou à reportagem do Portal Costa Norte que não havia indícios de que a tartaruguinha tivesse ingerido plástico, algo raro hoje em dia. O animal, quando chegou à sede do Biopesca, em Praia Grande, mostrava indícios de que havia passado por grande esforço muscular e tinha dificuldades para nadar, além de lesões na nadadeira. Nos primeiros dias de reabilitação, a tartaruga não foi mantida em um tanque. Ela ficou em uma caixa, sendo apenas umedecida e recebendo soro, medicação e curativos nas lesões.

Quando apresentou melhora em seu quadro, a tartaruga foi transferida para um tanque de 10 mil litros de água salgada e aquecida. E, logo que recuperou o apetite, mostrou algumas preferências. Vanessa disse que a tartaruga demonstrou preferir algas verdes, sardinhas e manjubas. Foi oferecido outras espécies marinhas, como lulas, mas a tartaruguinha ainda preferiu as algas e os dois tipos de peixes.

Quando juvenis, as tartarugas-verdes se mantêm mais próximas à costa, e se alimentam de algas e peixes. Quando chegam à idade adulta, passam a ser ‘vegetarianas’ e consomem apenas algas. Até por isso, acabam ingerindo o plástico presente nos oceanos, devido à inabilidade de separar o que é próprio e o que não é para o consumo.

Vanessa finalizou contando da emoção que é devolver uma tartaruga ao mar. “É gratificante”, disse a veterinária, lembrando ainda que não apenas o momento da soltura é de alegria, mas também alguns durante a reabilitação, como quando o animal recuperou o apetite. A equipe do Biopesca também fez questão de ressaltar a importância do trabalho da Guarda Costeira de Praia Grande, que atua em parceria com o instituto, sempre disposta a ajudar no que for necessário.

O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto avalia os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

O projeto é realizado desde Laguna, em Santa Catarina, até Saquarema, no Rio de Janeiro, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.

Em caso de animais e0m situação de perigo, ou avistados mortos nas praias de Praia Grande a Peruíbe, ligue para 0800 642 3341 e (13) 99601 2570.

Fonte: Costa Norte 

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