Uma tartaruga gigante desovou no Bonete, comunidade tradicional localizada no extremo sul de Ilhabela. O fato foi descoberto por moradores em virtude dos enormes rastros deixados na areia pelo animal que já não estava mais lá.
O projeto Tartaruga Marinha (Tamar), de Ubatuba, esteve no local na última terça-feira e cercou a área com a ajuda de crianças da comunidade. Os moradores ficaram alvoroçados com a novidade, que raramente é vista no local.
Segundo o pessoal do Tamar, normalmente essas tartarugas colocam cerca de 120 ovos, mas dificilmente alguma tartaruga vai nascer deles, porque o local e a época do ano não são propícios. “Muito de vez em quando encontramos algum ninho na nossa região e, muito menos, no inverno. Podemos dizer que encontramos no máximo um por verão. A probabilidade de nascerem é muito pequena. A tartaruga precisa de calor para chocar os ovos”, explicou Henrique Becker, do Tamar. A equipe vai acompanhar a evolução dos ovos e deve voltar ao local dentro de dois ou três meses, tempo que normalmente demora para nascerem as tartarugas.
Ainda de acordo com a equipe do Tamar, não é possível saber a espécie da tartaruga porque ainda são apenas ovos. “A gente evita mexer pra não aumentar o risco de perdê-las. Cobrimos com areia e contamos com a colaboração da comunidade para que não mexa lá também”.
Tamar
O Projeto Tamar-ICMBio foi criado em 1980, pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal-IBDF, que mais tarde se transformou no Ibama-Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. Hoje, é reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha e serve de modelo para outros países, sobretudo porque envolve as comunidades costeiras diretamente no seu trabalho socioambiental.
Pesquisa, conservação e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção, são as principais missões do Tamar, que protege cerca de 1.100km de praias, através de 19 bases de pesquisa e conservação e 11 Centros de Visitantes localizados em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso desses animais, no litoral e ilhas oceânicas, em nove estados brasileiros.
O nome Tamar foi criado a partir da combinação das sílabas iniciais das palavras tartaruga marinha, abreviação que se tornou necessária, na prática, por conta do espaço restrito para as inscrições nas pequenas placas de metal utilizadas na identificação das tartarugas marcadas para diversos estudos.
Desde então, a expressão Tamar passou a designar o Programa Nacional de Conservação de Tartarugas Marinhas, executado pelo Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas-Centro Tamar, vinculado à Diretoria de Biodiversidade do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade-ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente.
Fonte: Meon