Uma doença altamente contagiosa está matando a população canina do Cariri (CE). A virose foi diagnosticada pelo Centro de Zoonoses do Crato como cinomose, provocada por um vírus que pode ser encontrado no fluxo nasal ou ocular, no sangue circulante do enfermo ao longo de sua evolução, determinando diferentes sintomas. A cinomose está matando mais do que a leishmaniose, uma zoonose endêmica que é responsável pela morte de centenas de cães por ano na região.
Somente no Centro de Zoonoses estão sendo identificado seis casos de cinomose por semana. A incidência é maior nas clínicas particulares de todo o Cariri. De acordo com a médica veterinária Maria Alice Calado de Moraes, diretora técnica do Centro de Zoonoses do Cariri, em 90% dos casos os animais não foram vacinados. A melhor solução ainda é a prevenção, ou seja, vacinar corretamente.
A veterinária se refere à vacina que deve ser aplicada nos primeiros dias de vida do animal, que imuniza para até dez viroses, inclusive a cinomose.
A primeira vacinação, segundo Alice, deve ser aplicada nos animais a partir do 45º dia de vida, com reforço de mais duas doses, uma após 30 dias e a outra depois de 60 dias. A partir daí o reforço é anual e obrigatório. A veterinária esclarece que as vacinas são encontradas nas casas veterinárias.
Infelizmente, a rede pública não dispõe do medicamento. “No pacote preventivo não foi incluída a vacina contra raiva, que deve ser procurada em clínicas particulares e pet shops, onde são encontrados medicamentos de melhor qualidade”, orienta a veterinária, acrescentando que o Ministério da Saúde suspendeu as campanhas de vacinação de cães e gatos contra raiva em todo o país. A decisão foi tomada após resultados preliminares de testes indicarem a ocorrência de efeitos graves e mortes de animais depois das campanhas de imunização.
A veterinária explica que a cinomose não é uma zoonose, isto é, não passa para seres humanos. Contudo, o homem carrega o vírus até que ele chegue a um animal sadio. A transmissão ocorre, em geral, no contato com secreções do nariz e boca do animal. Isso pode se dar por meio de um espirro do animal doente, espalhando a secreção ao redor e contaminando os cães que estejam por perto.
Debilidade
O tratamento deve ser feito numa clínica, com o acompanhamento de um médico veterinário. Alice justifica que, quando o animal é acometido da doença, ele fica debilitado e, consequentemente, com infecções secundárias. O combate à doença é feito com uma soroterapia de suporte, aplicação de antibióticos, vitaminas do complexo B e aplicação do Soroglobulin, uma solução concentrada e purificada de imunoglobulinas adicionada a 0,35% de fenol como preservativo. Ela recomenda também o uso de desinfetante no ambiente como, por exemplo, água sanitária, associada a outros bactericidas.
Eutanásia
A veterinária adverte que a cura é difícil. Na maioria dos casos os animais enfermos são sacrificados, mesmo diante da insistência do tutor que exige o tratamento até o fim, o que, segundo Alice, é um sofrimento para o tutor e para o animal.
O médico veterinário Ricardo Martins lembra que a doença geralmente aparece no primeiro ano de vida do cão, mas também pode infectar animais mais velhos que não tenham sido imunizados anteriormente.
Descrição clássica
A descrição da cinomose clássica em livros é de uma infecção viral aguda caracterizada por febre bifásica, secreções nasal e ocular, anorexia, depressão, vômito, diarreia, desidratação, leucopenia e dificuldades respiratórias. Tanto os animais tratados quanto os não tratados podem desenvolver sintomalogia nervosa, mas esta é mais comum nos últimos.
Essa fase nervosa da doença pode ser caracterizada por espasmos musculares (mioclonia) e comportamento fora do normal ao ponto de não reconhecer o próprio tutor. Embora atualmente muitos médicos veterinários recomendem a eutanásia de um animal com paralisia pela cinomose, a acupuntura tem sido um tratamento eficaz, com recuperação quase que total. Por esse procedimento, tem-se observado que o animal recupera os movimentos, e se havia parado de urinar e defecar, também volta ao normal.
Mais informações
Centro de Zoonoses do Cariri, Avenida Thomaz Osterne, S/N
Município do Crato
(88) 3521.2698
Com informações do Diário do Nordeste