Um filhote de boto com aproximadamente um mês de vida foi identificado por pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e do projeto BioMA em Mocajuba, no nordeste paraense. O animal é da espécie boto-do-Araguaia (Inia araguaiaensis), considerada “vulnerável”, na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.
A equipe de biólogos e veterinários está na cidade desde o fim de semana para fazer o monitoramento e avaliação da saúde dos animais, que toda manhã interagem com seres humanos em frente ao mercado municipal – o que os torna um atrativo para o turismo na região.
O nascimento de mais um filhote foi comemorado pelos pesquisadores, que, pelos próximos dias, vão acompanhar de perto o comportamento do bebê e da mãe, além de todo o grupo.
Em um vídeo enviado ao g1, Angélica e o professor Frederico Ozanan, que coordena a pesquisa, falam sobre o estudo com os botos em Mocajuba, que fica distante cerca de 230 quilômetros de Belém.
“Ele [o filhote] fica mais distante do grupo e sempre junto da mãe. Ele ficará ao lado dela por dois anos, tempo que a ‘mamãe boto’ terá para ensinar tudo o que ele precisa para viver. É importante lembrar que estes animais são mamíferos”, comentou a bióloga Angélica Rodrigues.
Este é o nono filhote catalogado pelo grupo de pesquisadores em onze anos de estudos na região de Mocajuba, cidade banhada pelo rio Tocantins.
Os botos-do-Araguaia são considerados “vulneráveis” em virtude do risco elevado de extinção na natureza, de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Segundo Angélica Rodrigues, a vulnerabilidade destes mamíferos se dá pelas interações negativas com atividades pesqueiras e pela perda ou destruição de habitat.
Pesa ainda, diz a bióloga, o fato de os botos serem cercados pelo imaginário popular.
“A mística que paira no universo das lendas ainda influencia muito, ainda tem muita demanda pela compra de produtos. Tanto na capital quanto no interior do estado é possível encontrar venda de pele, unguentos para fins medicinais, amuletos. São produtos que não ficam tão à mostra, para evitar fiscalização, mas ainda existe muita procura. Os botos sempre estão ameaçados”.
O monitoramento do comportamento destes animais, assim como a avaliação da saúde deles, no ambiente natural vai ajudar no trabalho de preservação da espécie.
“Eles têm um papel importantíssimo na natureza, porque são sentinelas ambientais, a partir deles conseguimos mapear a saúde de um rio. São animais topos de cadeia, importantes para o equilíbrio da cadeia trófica dos rios, além disso são sentinelas importantes apontado as fragilidades dos ecossistemas fluviais”, diz a pesquisadora.
O monitoramento dos botos em Mocajuba é feito desde 2013.
Fonte: G1