A Associação de Surf Costão dos Náufragos (ASCN) inicia neste mês a primeira fase da campanha “Salvemos as Tartarugas”, com atividades de preservação das tartarugas marinhas. O objetivo da empreitada é criar uma conscientização ambiental urgente para que a comunidade tome conhecimento da existência da grande população de tartarugas verdes ameaçadas que moram e se alimentam nas praias da região de Barra Velha (SC), e que garantem a biodiversidade marinha do local.
A tartaruga verde é a espécie marinha de maior população na costa brasileira, porém ela é muito caçada para a comercialização da carne e do casco. Desde o começo do ano já apareceram mais de dez animais mortos no município.
Para atingir a primeira meta, o doutor Maurício Coimbra e o jornalista Ezequiel Díaz Savino, organizadores da campanha, contrataram a oceanógrafa da Univali (Universidade do Vale do Itajaí) Janaina Moslavacz de Camargo que apresentará palestras informativas em escolas públicas, particulares, associações comunitárias e empresas privadas.
“A tartaruga verde é importante para preservar o equilíbrio da biodiversidade marinha, pois se alimenta de algas e ao mesmo tempo aduba os pontos de alimentação onde frequenta, produzindo nutrientes para a preservação da fauna destes locais. Nós também queremos garantir a presença dela em nossas praias”, explica a Janaina.
A oceanógrafa também desenvolve o plano ambiental da campanha, enquanto Maurício e Ezequiel cuidam da área sóciocultural e de sustentabilidade dos trabalhos.
Junto com a parte de conscientização ambiental, também serão montadas placas informativas sobre as tartarugas, detalhando os locais onde podem ser avistadas e suas características. As placas também levam o patrocínio de indústrias, empresas e estabelecimentos comerciais que tenham interesse na preservação ambiental e queiram garantir a continuidade do projeto.
Os pontos de sinalização serão na praia Central (posto guarda-vidas), no Costão dos Náufragos , na praia do Tabuleiro, na praia do Sol, na desembocadura do rio Itajuba, e na praia do Grant. Com frases sobre ecologia, as placas serão escolhidas por um concurso escolar aberto à comunidade e ao setor lojista. Além da divulgação do nome do ganhador, haverá premiações em roupas e medalhas.
Em Barra Velha, a campanha ganhou corpo no começo do ano, depois do registro de um aumento expressivo de tartarugas mortas na praia. “Ela pode ser avistada a olho nu, inclusive em menos de 1,5 metro de profundidade e não tem medo da presença humana. Nós surfistas temos um laço especial com o animal porque ele sempre nos acompanha”, comenta Maurício.
A organização também conta com o apoio da Fundação de Meio Ambiente Municipal (Fundema), que recolhe as tartarugas achadas mortas na praia e posteriormente as encaminha à Univali para realização de autópsia. “Assim vamos averiguar se o animal morreu afogado pela ingestão de plástico que chega dos rios, vítima de redes de pesca, por alguma doença ou por alguma outra questão a ser apurada”, explica Rodrigo Mazzoleni, oceanógrafo e diretor técnico da Fundema.
Em paralelo, os organizadores montam o projeto Surfista Sentinela, onde os simpatizantes do projeto podem participar de forma ativa da campanha pela fiscalização das praias. “Somos nós, surfistas, que frequentamos os locais onde a tartaruga se alimenta. Nossa ideia é que todos sejam instruídos com palestras da campanha e das apresentações da Fundema para proceder corretamente quando aparecer um animal vivo ou morto na praia. Vamos também fiscalizar a limpeza das praias e dar dicas sobre educação ambiental a veranistas e moradores na temporada de verão”, complementa Ezequiel.
Fonte: Waves