EnglishEspañolPortuguês

CRISE CLIMÁTICA

Supermercado alemão cobra “custo real climático” dos alimentos e derivados de animais encarecem

13 de agosto de 2023
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Ilustração | Freepik

A campanha “True Cost” (custo verdadeiro) da rede de supermercados Penny, do Grupo Rewe, conhecida pelos seus preços baixos, pretende mostrar quanto custariam os itens se todas as consequências ambientais e climáticas da produção fossem levadas em consideração – os impactos na natureza, o uso de fertilizantes e pesticidas, e as emissões de material particulado e gases de efeito estufa.

Os custos reais foram calculados por cientistas do Instituto de Tecnologia de Nuremberg e da Universidade de Greifswald, no norte da Alemanha. Quase todos os nove produtos que fazem parte da campanha estão mais caros. Derivados animais subiram. Preços do queijo e da salsicha estão quase duas vezes mais caros, e o iogurte de frutas orgânico com leite de vaca custa 31% a mais.

Produtos de origem animal, como carne e lácteos, costumam ter custos ambientais mais altos e deveriam refletir isso tendo preços mais altos, dizem os cientistas. Por outro lado, os custos ocultos em produtos à base de plantas costumam ser quase marginais. Apenas o schnitzel vegano está quase no mesmo preço, apenas 5% mais caro, o equivalente a 14 centavos.

A ideia é fazer as pessoas entenderem que mesmo que todos os produtos ainda não custem mais caro por causa da crise climática, seu consumo já custa à sociedade indiretamente – em danos à saúde, à agricultura e à propriedade, por exemplo.

A derrubada de árvores para abrir espaço para criação de gado emite CO2, o gado emite metano no seu processo digestivo, e esses gases de efeito estufa têm provocado fenômenos extremos – tempestades, ciclones, furacões, estiagem, chuva de granizo, incêndios florestais. A água potável contaminada por fertilizantes tem um custo de tratamento mais alto.

A marca visa aumentar a conscientização ambiental da sociedade sobre o impacto da produção de alimentos, como fez em uma campanha anterior semelhante em 2020. A diferença entre o “custo real” e a venda usual do preço dos nove produtos será usado para financiar projetos de proteção do clima e preservação de fazendas familiares nos Alpes. Em julho, famílias tiveram que deixar suas casas na região para fugir de incêndios florestais ocorridos devido à forte onda de calor na Europa e Oriente Médio.

Greenwashing?

A organização de proteção ao consumidor Food Watch considerou a campanha incoerente, pois o supermercado Penny continuou baixando os preços de produtos prejudiciais ao meio ambiente, como a carne, o leite, o queijo e o iogurte. A Associação de Agricultores Alemães chamou a campanha de “projeto de greenwhashing”.

O porta-voz da Penny, Andreas Krämer, disse que não quer que a campanha seja vista apenas como uma ferramenta de relações públicas. Mas que as empresas se posicionem com relação à crise climática. Krämer disse que os preços mais baixos de outros produtos são excedentes de produção, e que a Penny não pressiona os fornecedores com relação aos preços.

A reação dos consumidores também faz parte do experimento da campanha – se as pessoas não estão dispostas a pagar por preços mais altos, outros meios devem ser encontrados para tornar mais baixos os preços de produtos de menor impacto ambiental e aumentar os preços de produtos de maior impacto ambiental. De acordo com o supermercado Penny, os produtos orgânicos, por exemplo, têm um custo real médio de 1,15 euros a mais do que seus preços e a diferença média para os produtos convencionais é de 1,57 euro.

A organização ambiental Greenpeace estima que o custo dos danos ambientais e climáticos causados pela produção de carne e leite na Alemanha chegue a 6 bilhões de euros por ano. O Greenpeace elogiou a iniciativa, acrescentando que “a ação deve finalmente ser seguida por medidas fundamentais, e que as redes de supermercados são tão responsáveis quanto o governo federal. O governo poderia implementar políticas como abolir impostos sobre alimentos à base de plantas, e aumentar impostos sobre carnes e laticínios, para estimular uma mudança nos hábitos de consumo.

Fonte: Um Só Planeta

    Você viu?

    Ir para o topo