por Augusta Scheer (da Redação)
Na Suécia, está sendo discutida uma ideia interessante que deve ajudar a reduzir o consumo de carne pela população: a introdução de um novo imposto sobre a carne, proposta que ganha cada vez mais popularidade no país, segundo informações do site Care2.
Como ocorre em muitos países ocidentais, o consumo de carne na Suécia ultrapassa os limites considerados saudáveis e sustentáveis. Por isso, pondera-se estabelecer novos impostos sobre carne de vaca, galinha etc., para dissuadir os consumidores de comprar esses produtos. Se a carne ficar mais cara, a maior parte das famílias deixará de consumi-la em todas as refeições.
Com o aumento da população mundial, fica cada vez mais difícil alimentar todas as pessoas dentro dos parâmetros atuais de consumo, já que o espaço para plantações e criações se torna escasso. Assim, cada vez mais pessoas precisarão se adaptar a uma dieta exclusivamente vegetal. Sabe-se, por exemplo, que um fazendeiro que se dedica à agricultura produz 10 vezes mais nutrientes do que aquele que cria animais para consumo de carne, no equivalente à mesma área agricultável.
Não são só os animais e o planeta que se beneficiaria com a redução do consumo de carne. A saúde humana também melhoraria bastante, segundo pesquisas recentes que demonstram que o consumo de carne aumenta o risco de câncer, doenças cardiovasculares e morte prematura. Ainda que esse alimento cruelmente produzido seja fonte de proteínas e ferro, nutrientes saudáveis, jamais substituirá o imenso valor nutricional dos vegetais.
Na Suécia, argumenta-se que taxar o consumo de carne seria semelhante ao que já ocorre com outros itens que fazem mal para saúde, como refrigerantes e cigarros, produtos já sujeitos a impostos mais elevados em várias partes do mundo.
Os defensores da nova medida também afirmam que ela ajudaria a estimular a agricultura local, pois haveria muito mais demanda por frutas, vegetais e grãos localmente produzidos, se a carne ficasse mais cara. Muitos analistas já identificaram uma tendência global de longo prazo de redução do consumo de carne, e se a Suécia se dedicasse desde já à produção de comida vegetariana, estaria um passo à frente de todos os outros países e seria mais economicamente competitiva no futuro.
Os fatores ambientais são igualmente importantes. Muitos especialistas em mudanças climáticas afirmam que a introdução de impostos sobre a carne é uma maneira eficiente de refrear as emissões de gases, por exemplo. Fazendas de criação de gado são uma das principais fontes de gases de efeito estufa, logo, uma redução no número de animais criados para consumo de carne levaria a uma redução das emissões de gás metano. Se a demanda por carne diminuir, por conta do preço mais elevado do produto, os rebanhos também diminuirão em tamanho.
A Suécia já considerou essa mesma ideia no passado. Há dois anos, o Conselho Sueco de Agricultura fez uma recomendação similar, mas, na época, o governo considerou a proposta muito polêmica. Dessa vez, milhares de pessoas por todo o país demonstraram seu apoio à medida, por meio de um abaixo-assinado. Se aprovado, o imposto sobre a carne certamente trará consequências bastante positivas, que poderão ser percebidas ao longo dos próximos cinco ou dez anos.