EnglishEspañolPortuguês

Startups veganas de produção de alimentos atraem investidores

18 de março de 2019
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Beyond Meat
Foto: Beyond Meat

Carne obtida de cultura de celular, foie gras à base de plantas, leite de algas e caviar de algas marinhas são apenas algumas das possibilidades cada vez mais sofisticadas de proteínas alternativas que inundam o mercado e aguçam o apetite dos investidores.

Somente no ano passado, dezenas de empresas foram iniciadas e muitas estão atraindo grandes investidores, de acordo com os pioneiros da indústria em desenvolvimento.

“Para cada empresas que esta à procura de dinheiro, há dois ou três investidores. Nunca vi isso no Vale do Silício”, disse Olivia Fox Cabane, fundadora da startup Kind Earth e presidente da International Alliance for Alternative Protein.

Fox Cabane diz que precisa atualizar sua lista a cada duas semanas, e compara o dinamismo do mercado alternativo de proteínas ao burburinho das redes sociais quando começaram a monopolizar a atenção.

Além da Califórnia, a primeira leva de inovadores vem da Holanda, o berço da carne e de outras alternativas a produtos animais, e também de Israel.

A demanda dos consumidores está impulsionando o interesse do mercado por alternativas a carne, de acordo com participantes do Festival South by Southwest desta semana em Austin, Texas (EUA), que se vê na vanguarda das novas tendências.

A nova tecnologia tem refinado produtos alternativos a base de proteína para um público mais amplo, de acordo com Dan Altschuler Malek, sócio do grupo de investimento de risco New Crop Capital.

“A comida vegana existe há décadas, desde o final dos anos 60, início dos anos 70. No início, era para os consumidores éticos que estavam dispostos a se sacrificar”, disse Altschuler Malek.

“Tivemos que esperar pelos anos 90 para que esses alimentos se tornassem mais palatáveis. Mas agora estamos entrando na terceira geração de produtos veganos, com novas tecnologias, o consumidor não precisa mais sacrificar seu paladar: as pessoas estão gostando porque realmente é bom, não porque é comida vegana”

Para os investidores, o gosto tem sido o maior fator na decisão de apoiar um produto. Preço, diz Altschuler Malek, vem em segundo lugar.

Liderando o mercado em cinco anos?

Para garantir que eles não sejam deixados de lado, a maioria dos grandes grupos de agronegócios começou a investir em novas proteínas.

Até mesmo a Tyson Foods – o segundo maior produtor de carne nos Estados Unidos e o maior exportador mundial de carne bovina americana – aderiu à disputa.

A Impossible Foods está entre as várias empresas, incluindo sua rival da Califórnia, Beyond Meat, que desenvolve substitutos de carne à base de plantas ou de laboratório que alegam oferecer produtos iguais ou melhores que os produtos produzidos a base de animais.

A empresa usa proteína de trigo, proteína de batata e óleo de coco, e seu “ingrediente especial” chamado heme, que possui elementos da hemoglobina na proteína animal, mas é desenvolvido a partir da soja.

Há ainda muito progresso a ser feito, incluindo o desenvolvimento da logística para oferecer esses produtos em grande escala e fornecer substitutos para outros produtos de carne comumente adquiridos.

Altschuler Malek, por exemplo, gostaria de poder vender “costeletas de porco” vegetarianas.

Ele diz que um novo substituto à base de tomate para a carne de atum vermelho tem a mesma textura e sabor que a “coisa real” usada no sushi japonês.

Malek acredita que os novos alimentos não serão mais vistos como alternativas em cinco anos, mas sim a norma, encontrada “em todas as geladeiras”.

A maioria das alternativas à carne é feita principalmente com soja, ervilha, grão-de-bico e glúten de trigo, mas as algas e os cogumelos também são promissores.

Insetos, embora favorecidos por algumas startups, não foram um sucesso entre os investidores em Austin.

Além dos problemas de regulamentação sanitária, seria um grande salto para a população geral de consumidores adquirir o gosto por qualquer coisa com seis pernas.

Proteína à base de insetos “pode ser mais aceitável em algumas partes do mundo, mas eu não acho que o consumidor médio ocidental vá comprar em massa esse tipo de produto”, disse Andrew Ive, diretor de gestão da Big Idea Ventures.

Você viu?

Ir para o topo