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EMPREENDEDORISMO ÉTICO

Startup desenvolve biotecido que é alternativa ao couro animal

27 de setembro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Divulgação

O couro sempre foi considerado um material nobre e durável. Além disso, sua impermeabilidade e firmeza fizeram com que ele fosse utilizado nas mais diferentes peças. Porém, o uso do couro animal tem sido questionado, por questões ambientais e éticas, e, inclusive há uma lei que proíbe o uso de couro exclusivamente da pele de animais.

A opção do couro sintético também não é uma boa alternativa, já que a produção dele usa substâncias químicas e plásticos derivados do petróleo, que contribuem significativamente para a poluição e a degradação ambiental. Mas então, existiria alguma alternativa?

Pensando em responder a essa pergunta, uma startup de São Paulo passou a realizar pesquisas, cujos resultados são surpreendentes. Eles desenvolveram um biotecido de angico, uma árvore presente na América tropical, principalmente no Brasil. A escolha da árvore como principal matéria-prima veio através do cruzamento de informações que levou em consideração determinadas propriedades de espécies nativas, ocorrências no país, utilização e potencial de gerar impacto socioambientais positivos, a partir de um resíduo agroflorestal.

Na fabricação do biotecido, utiliza-se os frutos do angico de forma sustentável, respeitando o ciclo natural da árvore. As sementes são colhidas apenas quando caem naturalmente ao solo, preservando a espécie. A parte utilizada no processo é a casca do fruto do angico. O objetivo do trabalho é fornecer o biotecido de angico como uma alternativa ao couro de origem animal ou sintético, pois tem as mesmas propriedades, e propicia, inclusive, o isolamento térmico.

Esse material biodegradável já atende clientes no Brasil e na Europa, em fase de teste e análise do material. O produto atende diversas indústrias, como moda, calçados, acessórios, decoração e estofamento, trazendo inovação e redução significativa dos impactos socioambientais.

Outros biomateriais estão em desenvolvimento pela empresa e farão parte de um portfólio, produtos como bioplástico e um biocomposto, que tem potencial para substituir o MDF e a madeira. Também estão sendo estudadas outras plantas e resíduos, como aqueles provenientes da agrofloresta e da indústria alimentícia.

“A demanda pelos produtos da marca tem crescido de maneira significativa e orgânica, principalmente em mercados como moda e design, onde há uma busca crescente por alternativas sustentáveis. Os últimos acontecimentos climáticos chamam atenção à necessidade de mudanças urgentes, e todas as indústrias buscam por inovações verdes”, afirma Rachel Maranhão uma das CEOs da startup.

Natureza e consumo

Oficialmente fundada em 2022 por Rachel Maranhão e Marina Belintani, a startup MABE Bio surgiu após um encontro das duas em um espaço de inovação. Marina desenvolveu a metodologia de investigação das propriedades das matérias-primas à base de plantas durante seu mestrado em Londres, focando no desenvolvimento de materiais, acabamentos e cores. Ao retornar ao Brasil durante a pandemia, ela se aprofundou nas raízes botânicas, pesquisando o potencial de espécies nativas. Foi nesse processo que ela formulou o biomaterial com características similares ao couro animal.

Já Rachel, formada em Relações Internacionais, por sua vez, buscava aplicar seus conhecimentos de negócio, operações, logística, produto e sustentabilidade em prática, em um negócio de impacto global.

“A ideia surgiu de um incômodo comum: a necessidade de transformar a indústria de materiais com alternativas sustentáveis. Ambas se incomodavam com o status atual da produção de materiais, que carecia de opções verdadeiramente alinhadas com as necessidades de nosso planeta”, detalha Rachel.

Fonte: G1

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