Notificações de casos de gatos e cachorros que passaram mal após a
imunização antirrábica cresceram 41 vezes na comparação com o ano passado
A Secretaria de Estado da Saúde decidiu ontem manter por pelo menos mais 15 dias a suspensão da vacinação antirrábica no Estado de São Paulo, paralisada desde 20 de agosto. Com base em dados levantados em parceria com a Secretaria Municipal de São Paulo, a pasta identificou um aumento de 41 vezes no total de notificações de reações adversas em animais relacionadas à imunização, em comparação ao ano passado.
“Logo nos primeiros dias da vacinação percebemos que havia alguma coisa de diferente. Esses números podem mostrar algo importante, mas ainda precisamos esperar outros resultados que estão por vir “, diz Clélia Aranda, secretária adjunta da Saúde estadual.
Entre esses resultados estão os laudos das necropsias de seis animais que estão sob responsabilidade do Departamento de Patologia da Universidade de São Paulo (USP), além de investigações de campo nos Estados onde a vacinação continua ocorrendo e análises das notificações feitas pela população por meio do Centro de Controle de Zoonoses.
Segundo o estudo da secretaria estadual, até 20 de agosto deste ano, durante a campanha de vacinação, foram registradas 2.198 notificações de reações adversas, ante 53 registradas em todo o mês de agosto de 2009. Até o dia 27 de agosto deste ano, foram verificadas reações adversas temporariamente associadas à vacina em 2.627 animais no Estado – 713 cães, 1.903 gatos e 11 ainda sem identificação.
Quando se trata da incidência de reações leves, moderadas e graves em animais imunizados, o crescimento é ainda maior. Neste ano, entre os dias 9 e 17 de agosto foram vacinados 247.550 animais, com uma incidência de 8,88 reações adversas para cada mil animais. Já em 2009 foram imunizados 1.113.530 bichos e esse índice ficou em 0,05. Ou seja, na comparação, a incidência cresceu 177 vezes neste ano.
As vacinas formam fornecidas pelo Laboratório Biovet e não há confirmação se os Ministérios da Saúde e da Agricultura vão substituí-las por outra marca. Segundo a assessoria do Ministério da Agricultura, todas foram testadas por laboratórios segundo critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, diz o órgão, é prematuro dizer que há um problema.
O Laboratório Biovet afirmou ontem que não vai comentar números divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde. Por meio de nota, disse que as reações adversas provocadas pela vacinação podem estar associadas à resposta de cada animal.
Raiva humana
A secretaria afirma ainda que a vacina contra raiva humana não é a mesma usada nos animais. “Portanto, é importante esclarecer que pessoas com lesões causadas por mordidas ou arranhões de cães, gatos, morcegos e animais silvestres devem tomar a vacina, senão há riscos de a doença virar um problema”, diz Aranda.
Nas clínicas
A vacinação nas clínicas particulares continua. A maioria trabalha com doses importadas e o valor cobrado varia de R$ 25 a R$ 40 em média.
Fonte: Estadão