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SP apreende 5 animais silvestres a cada dia

24 de julho de 2010
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O sabiá foi examinado cuidadosamente pelo veterinário Luiz Laranjeiras. Teve o coração auscultado, bico analisado e asas observadas. “Aparentemente, está saudável. Mas vamos fazer também exame de fezes.” Era tarde de quarta-feira, e o Estado acompanhava os trabalhos da Divisão de Fauna Silvestre, órgão da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, no Parque do Ibirapuera. Desde que foi criado, em 1992, passaram por lá 34.924 bichos, mais de 150 por mês.

Como em 38% dos casos, o sabiá veio de uma apreensão policial. Havia sido trazido na noite de terça pela Polícia Ambiental. “Quando o animal chega sem nenhum ferimento aparente, esperamos até o dia seguinte para fazer os primeiros exames”, explica o veterinário Laranjeiras, um dos 39 técnicos – entre os quais também há biólogos – da instituição. “Porque o bichinho chega muito estressado.”

A Prefeitura de São Paulo foi a primeira do País a criar um setor para dar assistência veterinária aos animais silvestres nativos no município. A divisão também é responsável pelos bichos que vivem nos parques.

Em gaiolas, viveiros e jaulas, 448 animais estavam lá na quarta-feira. O tempo de permanência de cada um é incerto. “Varia de acordo com o animal e o eventual ferimento”, diz a veterinária Maria Eugênia Summa. “Uma coruja com asa quebrada pode ficar uns quatro meses. Já um sabiá com pequeno arranhão de um gato sai em uma semana.”

Desde 1992, foram atendidos 2.115 corujas, 1.326 sabiás-laranjeira e 1.109 periquitos-rico. “Algumas espécies comuns na cidade raramente envolvem-se em acidentes ou são encontradas machucadas, como o joão-de-barro, que tem apenas 25 atendimentos registrados”, relata o biólogo Ricardo Crede. Entre os mamíferos, o recordista é o gambá-de-orelha-preta (3.731 atendimentos). O órgão registra ainda atendimentos a 224 bugios, 159 preguiças e 155 veados.

Lá dentro. Segundo os registros, 62% dos animais foram encontrados machucados ou perdidos na área urbana. Em alguns casos, o bicho passa por cirurgia; em outros, é apenas medicado ou recebe curativos. Enquanto estiver doente, fica em um compartimento individual e recebe acompanhamento diário. Depois, vai para outra ala, onde pode ficar em grupo com outros de sua espécie. “Muitos chegam tão gravemente feridos que não se restabelecem e acabam morrendo”, afirma Maria Eugênia.

Então aguarda uma data de “soltura” em uma área verde. Alguns animais precisam reaprender a caçar. Eles são levados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, no Parque Anhanguera, em Perus, zona norte. Lá há 25 recintos de vários tamanhos. Três deles, com 250 m3, proporcionam voos grandes para treinar impulso e caça de aves como corujas e gaviões.

Segundo a divisão, quem se deparar com um animal silvestre ferido deve acionar os bombeiros (telefone 193) ou a Polícia Militar Ambiental (190). A pessoa também pode levar o bicho até a divisão (Portal 7A do Parque do Ibirapuera, telefone 3885-6669). No caso dos animais domésticos, o Centro de Controle de Zoonoses deve ser chamado pelo telefone 156.

Fonte: Estadão

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