Biólogos marinhos estavam examinando um projeto para trazer de volta à vida um recife de corais quando foram surpreendidos por uma série de sons feitos por animais ao retornarem ao seu habitat. Segundo o Mail Online, um time de especialistas têm estudado o projeto Mars Coral Reef Restoration Project, localizado no arquipélago de Spermonde, que fica na Indonésia. A intenção é determinar se a vida aquática está retornando ao recife que está sendo restaurado.
Durante o estudo, os biólogos marinhos encontraram uma série de sons de animais que nunca haviam sido gravados antes, segundo relato do Guardian. Muitos animais jovens que vivem nos recifes de corais utilizam ondas sonoras para determinar onde é seu lar para depois se aventurarem em outras águas.
O líder do estudo, doutor Tim Lamont, da Universidade de Exeter, disse que tem ouvido os recifes se silenciarem ao se degradarem, mas nesse local de restauração foi animador e inspirador, pois a mudança foi em outra direção. Segundo ele, ao ouvir os sons por horas e horas, foram descobertos outros sons que ainda não tinham sido ouvidos. Alguns sons pareciam familiar, mas outros não se tinha ideia de quais eram.
Vários dos sons gravados serviram como evidência de que uma grande variedade de vida aquática, aparentemente estava voltando a viver no recife restaurado. O doutor Lamont acrescentou que um dos sons chamou sua atenção, algo que soou como uma sirene de nevoeiro, mas a equipe não conseguiu descobrir qual animal fez o barulho.
O recife localizado no arquipélago de Spermonde foi danificado pela pesca explosiva, que utiliza explosivos para assustar ou matar a vida selvagem do local.
O estudo foi publicado na revista científica Journal Of Applied Ecology, analisando áreas de recife em recuperação, e apesar dos sinais promissores, o Doutor Lamont alertou que a recuperação total levaria muito mais tempo, mas ele acrescenta que os sons gravados sugerem que a biodiversidade das áreas restauradas estava parecida com as áreas que não foram afetadas pela pesca explosiva.
A equipe que está realizando a restauração no recife indonésio está utilizando uma estrutura de aço plantada no fundo mar para estimular o crescimento dos corais. O Reef Stars, como é chamada a estrutura, é feita de materiais locais, e revestida com areia, agindo como uma base para os corais jovens se agarrarem e se acomodarem, voltando a crescer na nova área.
Durante dois anos, a equipe utilizou a estrutura para regenerar os corais, e divulgando o progresso do “Recife Esperança”, como a equipe passou a chamá-lo. A cobertura dos corais subiu de 5% para 55% na costa da Ilha de Celebes, e a abundância de peixes, assim como outras espécies, como tubarão, voltaram. Esse recife é um dos maiores do mundo, mas também um dos mais degradados devido a ação humana. Aqueles que têm essa região como lar, necessitam dela para sobreviver.
Os pesquisadores esperam que até o ano de 2029 o recife tenha crescido novamente. Anteriormente a este estudo, um outro estudo alertou que a cobertura dos recifes de coral havia diminuído mais da metade, desde o ano de 1950, por conta das mudanças climáticas e outros fatores como pesca excessiva, poluição e impacto humano. A pesquisa realizada pela Universidade British Columbia, realizou a primeira análise abrangente dos efeitos das mudanças nesses serviços ecossistêmicos. A perda da cobertura dos recifes de coral resultou na diminuição em 60% da biodiversidade de peixes e biomassa, e foi feito um alerta sobre as consequências que a degradação contínua do sistema global dos recifes de corais pode causar.
Segundo o autor do artigo, o ecologista Tyler Eddy da Universidade Memorial disse que os recifes de corais são conhecidos por habitar uma biodiversidade importante e são sensíveis às mudanças climáticas. Os corais também fornecem serviços ecossistêmicos aos humanos como a proteção contra tempestades.
Os dados do estudo foram obtidos através de várias fontes, o que permitiu que a equipe pudesse avaliar tanto as tendências globais quanto as locais com relação aos serviços dos ecossistemas de corais. No estudo, os pesquisadores também escreveram que os efeitos dos recifes de corais degradados e em declínio já podem ser vistos através dos impactos na subsistência, pesca comercial e no turismo na Indonésia, Caribe e Pacífico Sul.
A equipe do estudo concluiu que a biodiversidade dos corais assim como a pesca, assumem papel importante para as comunidades indígenas, pequenos estados insulares que estão em desenvolvimento e populações costeiras, podendo ser essenciais para as tradições e as práticas culturais.
Os resultados completos deste estudo estão publicados na revista One Earth.