As florestas tropicais são vistas como aliados de peso no combate às alterações climáticas, sobretudo devido à sua grande capacidade de sequestro de carbono. No entanto, os seus solos podem libertar grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) à medida que se tornam cada vez mais quentes.
O alerta é feito por um grupo de cientistas num artigo publicado esta semana na revista ‘Nature Communications’, no qual revelam os resultados de medições feitas nos solos tropicais no nordeste de Porto Rico.
De acordo com a investigação, esses solos podem emitir entre 42% e 204% mais CO2 em temperaturas mais elevadas, definindo os ecossistemas subterrâneos como parte fundamental da crise climática global.
“Esta investigação mostra que, à medida que o planeta aquece, os solos tropicais começam a amplificar esse aquecimento”, refere, em nota, Christine O’Connell, bióloga da Chapman University (Estados Unidos da América) e coautora do estudo.
Se esse fenómeno estiver a acontecer noutras regiões da Terra, os cientistas avisam que podemos estar a subestimar “drasticamente” as perdas de carbono aprisionado nas florestas tropicais e a sua contribuição para a aceleração das alterações climáticas. E recordam que os solos contêm mais carbono do que a atmosfera e todas as plantas terrestres combinadas, pelo que a perda desse carbono podem intensificar o aquecimento a um nível global.
Os investigadores esclarecem, no entanto, que as emissões de carbono dos solos tropicais mais quentes não são causadas pelas próprias plantas, mas sim pelos microrganismos que neles habitam. Solos mais quentes podem levar a uma proliferação de microrganismos cujos metabolismos, ou “respiração”, expelem carbono, pelo que mais microrganismos pode significar maiores emissões.
Para esta equipa, compreender como a respiração dos solos tropicais muda num planeta cada vez mais quente é “fundamental” para se obter modelos globais que reflitam de forma mais precisa o papel dos ecossistemas tropicais nas alterações climáticas e para prever tendência de longo-prazo.
Fonte: Greensavers