O exército da ocupação israelense expropriou centenas de burros de carga da Faixa de Gaza sitiada, ao contrabandeá-los primeiro ao território designado Israel e então para a França, como parte dos esforços para impedir a reconstrução do enclave.
A rádio militar israelense KAN admitiu saque de dezenas de animais junto de entidades israelenses e europeias, sobretudo francesas e belgas. Segundo reportagem, soldados traficaram os animais de áreas invadidas sob pretexto de “resgatá-los”.
A imprensa israelense reportou a pilhagem como “operação veterinária”, ao ignorar os tutores palestinos, incluindo camponeses que dependiam dos animais para sobreviver ou famílias que tentavam escapar do genocídio.
Sob o direito internacional, a apreensão de propriedade civil durante conflito configura crime de guerra.
Segundo a KAN, os burros foram transportados para um “santuário de recomeço” em Moshav Harot, ao sul de Tel Aviv. O site da fazenda apresenta os animais como vítimas de “trauma psicológico”, sem mencionar seus tutores.
De acordo com as informações, em 18 de maio, a primeira remessa de 58 burros partiu do aeroporto de Ben Gurion a Liege, na Bélgica, em coordenação com a chamada Rede para Animais (NFA, do inglês) e a firma israelense Orien Cargo.
Abrigos cúmplices incluem o Zoológico de La Tanière, perto de Chartres, na França, que celebrou os burros como símbolo de “compaixão e civilidade”, ao apresentá-los como uma “história de fuga do inferno” — novamente, sem citar os palestinos.
Israel ignora apelos internacionais ao manter sua ofensiva indiscriminada a Gaza desde outubro de 2023, com mais de 58.400 mortos, em maioria mulheres e crianças, e dois milhões de desabrigados, sob condições de fome e epidemias.
A campanha é marcada por desumanização contra o povo palestino, incluindo peças de imprensa e declarações de entidades e lideranças ocidentais, culminando em planos a um campo de concentração em Rafah, no extremo sul do enclave.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
Fonte: Monitor do Oriente Médio