Estimativas de organizações como Humane Society International (HSI) e Cruelty Free International (CFI) apontam que mais de 100 milhões de animais ainda são utilizados por ano em experimentos laboratoriais que incluem testes de produtos, vivissecção e pesquisa no ensino. Sem dúvida, um número surpreendente que envolve realidade pouco conhecida pela população mundial.
Afinal, o sofrimento desses animais não vem estampado em embalagens de produtos, nos históricos das descobertas ou em títulos pelos quais empresas e pessoas são premiadas depois de impor bastante dor a criaturas de outras espécies. Não, essa realidade costuma ser mantida distante dos olhos da opinião pública, que infelizmente acaba por ser condescendente com tais práticas ao financiá-las.
No entanto, por bem, há pessoas engajadas em tentar fazer alguma diferença, chamando atenção para a realidade do sofrimento animal nos laboratórios. Um desses exemplos é a pintora e ilustradora britânica Jane Lewis, que já conquistava projeção internacional nos anos 1980 com uma técnica perfeccionista influenciada por artistas da Renascença.
Um compromisso pessoal com o veganismo
“Comecei a desenhar aos dois anos de idade, desenvolvendo uma paixão pela criação de imagens, o que persistiu ao longo da minha vida. Meu objetivo é produzir pinturas e desenhos tecnicamente imaculados, que geralmente contêm figuras subversivas, um paradoxo que ao mesmo tempo seduz e desafia o espectador”, explica.
E acrescenta: “Meu trabalho mais recente é uma preocupação com a situação dos animais, uma expressão de minha exasperação em relação ao abuso generalizado e uma confirmação do meu compromisso pessoal com o veganismo.”
Na série “Earthlings” ou “Terráqueos”, Jane Lewis concebeu ilustrações que chamam a atenção para a crueldade dos testes em animais, caça e produção de lã e carne – mas com maior destaque para a exploração animal nos laboratórios.
Na concepção que a artista transfere para o seu trabalho, há um incitamento à mudança. Afinal, todos nós podemos fazer o possível para evitar produtos testados em animais, bastando querer. A fidedignidade talvez seja uma das características mais marcantes do realismo que Jane Lewis imprime em suas obras, assumindo um caráter tão rigoroso de representação da realidade quanto uma fotografia, e com grande potencial de conscientizar pelo esmero aos detalhes e expressividade que clamam à nossa sensibilidade.
Testes em animais não predizem reações humanas
Ainda que esses animais sobrevivam às experiências, que impõem os mais diferentes tipos de privação e violência física e psicológica, é prática comum o sacrifício quando eles não são mais considerados úteis.
Organizações que fazem oposição ao uso de animais como cobaias apontam que além da geração de sofrimento, os testes consomem muito tempo e recursos, além de restringir o número de substâncias que podem ser testadas. Os experimentos também são criticados por fornecerem uma compreensão muito limitada de como as substâncias químicas se comportam no corpo.
Há apontamentos de que em muitos casos os testes não predizem corretamente “as reações humanas no mundo real”. Por isso cientistas estão questionando cada vez mais a relevância das experiências que visam “modelar” as doenças humanas em laboratório, criando artificialmente sintomas em outras espécies animais.
Atualmente, entre os recursos disponíveis que podem substituir os testes em animais estão as novas tecnologias que envolvem triagem de alta produtividade, modelos computacionais e chips baseados em cultura de células e tecido humano artificial.
Acompanhe o trabalho de Jane Lewis:
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