Com apenas cem indivíduos, a Laverca do Raso é uma espécie de ave que só existe num ilha cabo-verdiana. Há outras populações em risco neste país africano − “muito importante para a conservação de aves a nível mundial”, garante Domingos Leitão, coordenador do programa terrestre da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
A história, a língua e alguns costumes unem os portugueses ao povo de Cesária Évora mas é a biodiversidade destas ilhas atlânticas que fascina os investigadores. Durante um ano, a SPEA vai estar junto das ONG’s cabo-verdianas para ajudar a gerir projetos, sensibilizar populações e dar apoio científico e técnico, numa iniciativa apresentada hoje (25) no Mindelo, na ilha de São Vicente, intitulada “Sinergias para a Conservação de aves na Área Marinha Protegida de Santa Luzia, Ilhéus Branco e Raso”.
Inicialmente, os investigadores tencionam monitorizar a população de Lavercas no Raso, identificá-las e testar a hipótese de transladar parte destas aves para outra ilha, “de forma a formar outra população e para a preservar a espécie em caso de algum incidente”, explica Domingos Leitão.
É ainda importante criar condições para as colônias de aves marinhas, presentes nas três ilhas, e que contam com muitas espécies ameaçadas, como o rabo-de-junco ou a cagarra de Cabo-Verde. Outro objetivo do programa, afirma o coordenador da SPEA, é “erradicar os ratos e gatos (espécies introduzidas) da ilha de Santa Luzia” para criar melhores condições de vida das aves autóctones.
É ainda fundamental “sensibilizar as populações”, especialmente as de pescadores que vivem no litoral para evitar que usem as jovens aves e os seus ovos na própria alimentação. Domingos Leitão garante que este comportamento já tem sido alterado nos últimos dois anos e insiste que a importância do projeto consiste em “criar melhores condições para as ONG’s locais atuarem”.
Fonte: CiênciaHoje