A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) manifestou esta sexta-feira desagrado por o itinerário da primeira edição do LOTUS Rallye passar em pleno parque natural de S. Miguel, nos Açores, onde habita o priolo, ave endémica “em perigo”.
“Esta posição foi transmitida às autoridades regionais e à organização do rali. Numa reunião conjunta que houve foi transmitida de forma bastante clara”, afirmou Luís Costa, diretor executivo da SPEA, à agência Lusa, acrescentando que, no entanto, a prova automobilística acabou por ser autorizada.
A primeira edição do LOTUS RALLYE, quarta prova do Campeonato de Ralis dos Açores, teve início na quinta-feira e termina hoje na ilha de S. Miguel, sendo que parte do itinerário escolhido para a competição passa pela zona da Tronqueira, bem no meio do parque natural da maior ilha do arquipélago. Para o LOTUS RALLYE inscreveram-se 15 equipas.
Luís Costa referiu que a SPEA “não vê com bons olhos” a passagem deste rali pela Tronqueira dadas as perturbações que causa na natureza e que são contrárias aos objetivos de um parque natural, pelo que espera que “em futuras edições, e com mais tempo para decidir, a argumentação em defesa da natureza seja tida em conta”.
“A mensagem hoje em dia é para trazer mais turistas para uma região que é certificada, que são as terras do priolo, para desfrutarem do parque natural, num local que tem valores naturais importantes e que merecem ser visitados”, afirmou Luís costa, acrescentando que a SPEA foi informada da realização do LOTUS RALLYE “em cima da hora”.
O diretor executivo da SPEA referiu que o SATA RALLYE Açores já passa, anualmente, pela zona da Tronqueira, em pleno parque natural, “o que traz alguns impactos”.
“Mas como é uma prova com muita tradição, com bastante projeção, até pode trazer alguma visibilidade ao parque natural, mas estar a promover mais provas parece-nos de todo desaconselhável”, acrescentou.
Neste momento, o priolo abandonou o estatuto de criticamente em perigo de extinção graças aos projetos que têm sido levados a cabo pela SPEA, Governo Regional e outros parceiros, mas atualmente esta ave endémica está com o estatuto de “em perigo”, o que quer dizer que ainda exige cuidados e é preciso evitar perturbações no seu habitat natural.
A ave endémica açoriana, cujo projeto de conservação tem verbas asseguradas até 2018, existe especificamente no Pico da Vara e Ribeira do Guilherme, duas zonas de proteção especial integradas no Parque Natural da Ilha de São Miguel.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Record