Chimpanzés filhotes que ficaram órfãos têm mais dificuldades de socialização com animais da mesma espécie, na medida em que suas participações em “jogos sociais” são curtas e tendem a resultar mais em agressividade, apontam cientistas do Instituto Max Planck para a Psicolinguística, localizado na Holanda.
De acordo com o estudo, os órfãos participam de interações sociais entre o grupo, mais até do que os chimpanzés que têm mãe. Mas sua participação, em geral, é mais curta e resulta mais vezes em violência. Aparentemente as chimpanzés fêmeas ensinam aos seus filhos habilidades sociais importantes para a vida em grupo, ressaltam os pesquisadores.
A pesquisa foi publicada na revista científica “Cognição Animal”, em agosto.
Os cientistas compararam os comportamentos sociais de oito chimpanzés órfãos e nove filhotes criados por suas mães, todos mantidos no Orfanato para a Vida Selvagem Chimfunshi, na Zâmbia, um país africano.
Na instituição, os filhotes sem mãe inicialmente recebem cuidados de humanos. Quando eles ficam fortes o bastante – normalmente ao atingir um ou dois anos de vida – eles passam a ser integrados em grupos de órfãos da mesma espécie.
“Os chimpanzés órfãos no estudo tinham entre quatro e nove anos de idade, então eles de uma certa forma cuidavam uns dos outros”, afirmou o cientista Edwin van Leeuwen, um dos autores da pesquisa, segundo uma nota do Instituto Max Planck.
Expectativa quebrada
Foram comparados os comportamentos de chimpanzés com e sem mãe de idade e sexo iguais. A expectativa dos cientistas era de que os órfãos brincassem menos e com mais suavidade do que os outros. No entanto, o que foi observado é que os órfãos se envolviam em jogos sociais com mais frequência que os outros, ainda que por períodos muito mais curtos de tempo.
Outro fator é que os órfãos acabavam transformando brincadeiras em agressões e violência muito mais facilmente do que os chimpanzés com mães. “Apesar de os órfãos terem motivação, eles parecem ter sido menos capazes de coordenar suas habilidades sociais”, além de terem sido incompetentes em evitar que os “jogos sociais” saíssem do controle, disse Van Leeuwen.
Assim como em seres humanos, as mães dos chimpanzés parecem ter papel importante no desenvolvimento da socialização adequada para seus filhos, ressalta a pesquisa. “As mães parecem preparar seus filhos para os desafios importantes que eles irão enfrentar para uma vida bem-sucedida em grupo”, ponderou Van Leeuwen.
“No caso dos órfãos, modelos de adultos podem ser benéficos para aumentar a competência social, o que é uma consideração que santuários de chimpanzés deveriam levar em consideração ao trabalhar com esses animais”, ressaltou o pesquisador.
Fonte: G1