Ambientalistas e veterinários de Mato Grosso do Sul comemoraram a recuperação de uma das vítimas dos incêndios que devastaram o pantanal em 2024.
Antes de ganhar a liberdade, um merecido banho de mangueira para aliviar o calorão do Pantanal. O tamanduá-bandeira foi solto em uma fazenda em Miranda, Mato Grosso do Sul. Desconfiado, andou devagar até novamente se sentir em casa.
Os pesquisadores colocaram uma mochila nele com um rádio que emite sinais de GPS para monitorar o animal. O tamanduá foi resgatado na mesma região, em agosto de 2024, logo depois dos incêndios que devastaram 80% da fazenda. Foi batizado de Luizinho, em homenagem ao funcionário que o encontrou com as quatro patas queimadas, e passou por um tratamento de quatro meses.
“Não chegou a afetar osso, ele não perdeu tanta massa muscular, não estava tanto desidratado. Ele só é mais estressado”, diz a veterinária Maira Prestes.
Os pesquisadores trataram as queimaduras com pele de tilápia.
“A tilápia recobre a área queimada e faz o papel de pele, e ela vai cicatrizando, deixando aquele ferimento mais úmido e controlado. E isso faz com que a cicatrização seja mais rápida”, explica Flávia Regina Miranda, presidente do Instituto Tamanduá.
Durante os incêndios do Pantanal em 2024, sete tamanduás-bandeiras foram resgatados. Além de ser o único sobrevivente, Luizinho também terá agora um papel importante nas pesquisas sobre a espécie.
Amostras de sangue do animal foram enviadas para pesquisadores de Berlim, na Alemanha, que fizeram o sequenciamento genético do bicho. O genoma do Luizinho vai servir de referência para todos os tamanduás do mundo.
“A gente consegue, dentro do genoma, saber toda a característica dele, inclusive quais doenças e enfermidades pode ter, onde pode se adaptar ou não. E isso, para nós, é extremamente importante porque é o primeiro passo para o estudo de genética das populações”, diz Flávia Regina Miranda.
Outros animais também tiveram a sorte de poder voltar para casa depois de recuperados de queimaduras. As onças Itapira e Miranda foram soltas na mesma região do tamanduá.
“A gente está falando de animais que sofrem ameaças de todos os lados. Então, aquele indivíduo que nós soltamos, ele faz a diferença, sim, porque ele é um indivíduo macho ou fêmea, um indivíduo reprodutor, um indivíduo que vai gerar descendentes e que vai poder ajudar a fazer os números subirem, que é o que a gente precisa”, afirma Lilian Rampim, coordenadora do Onçafari.
Fonte: G1