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ADAPTAÇÃO

'Sob pressão': por que tigre do Himalaia se aventura a viver cada vez mais no alto

8 de fevereiro de 2024
AFP
3 min. de leitura
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Foto: Alfonsopazphoto | Wikimedia Commons

O tigre do Himalaia, que normalmente habita em altitudes médias e baixas, está se aventurando cada vez mais a viver em altitudes de quase 4.000 metros, devido à pressão humana e às mudanças climáticas, indicaram pesquisadores indianos.

Câmeras fotográficas instaladas em Sikkim, no Himalaia indiano, forneceram “muitas imagens” dos felinos em alturas que chegam a até 3.966 metros, revelou o Instituto de Vida Selvagem da Índia (WII), que pesquisa esses animais.

Ao contrário do leopardo-das-neves, que vive naturalmente em grandes altitudes, os tigres-de-bengala preferem, a princípio, as florestas dos vales nas partes mais baixas, destacou o diretor de pesquisa do WII, Qamar Qureishi.

“O fato de subirem as montanhas prova que estão sob pressão.” – Qamar Qureishi

Anteriormente, outros dois países da região do Himalaia, Nepal e Butão, registraram a presença de tigres a mais de 4.000 metros de altitude.

As novas informações mostram, entretanto, uma aceleração desse fenômeno na Índia, onde os recordes anteriores foram estabelecidos em 3.602 metros, em 2019, e 3.640 metros há um ano, diz Anurag Danda, diretor do braço indiano da ONG WWF.

Pequenas ilhas

Para a pesquisadora Pooja Pant, do WII, as principais causas dessa evolução são, muito provavelmente, as “mudanças climáticas e o aumento da pressão humana”.

O especialista em tigres Pranabesh Sanyal, com base em Calcutá, aponta que “as temperaturas nas grandes altitudes aumentaram mais rapidamente que nas abaixo de 2.000 metros, nas últimas décadas”, oferecendo a possibilidade de um “novo habitat” para o tigre.

A espécie também enfrenta a evolução de sua população, indicou Qureishi.

Estimada em cerca de 40.000 animais durante a independência do país, em 1947, a população de tigres caiu para 1.411 em 2006, antes de ultrapassar 3.000 graças aos programas de proteção.

Em meio século, a Índia triplicou as áreas protegidas, levando-as a 76 mil quilômetros quadrados —uma área maior que a do vizinho Sri Lanka.

A maioria das 53 reservas naturais do país continua sendo “pequenas ilhas em um oceano de exploração não sustentável das espécies”, comparou o relatório indiano sobre a situação da espécie.

Aumento da pressão

A pressão para o felino “aumenta por toda parte”, confirma o ex-chefe da gestão florestal do estado indiano de Uttarakhand, Shrikant Chandola.

“O número de presas diminui” e “os tigres jovens expulsam os tigres mais velhos” dos melhores territórios, explicou o cientista.

Os tigres também se tornam mais agressivos com os humanos: em janeiro, um ataque causou três mortes e dois feridos perto de Corbett, em Uttarakhand, provocando indignação na população.

O diretor da reserva de tigres do estado de Uttarakhand, Dheeraj Pandey, intensifica as campanhas de prevenção para evitar acidentes. Mas “não se pode dizer a um tigre para ir para um lado ou outro”, salientou o responsável.

A partir deste panorama, cada vez mais tigres se deslocam para as alturas, como sugerem os estudos do WII.

Embora não questione o fenômeno, Qamar Qureishi destaca, entretanto, a existência de um aspecto tecnológico que provocou o aumento das imagens do grande felino em grandes altitudes.

“É muito mais fácil do que antes fotografá-los, com o aumento dos truques fotográficos, telefones celulares e dispositivos de detecção térmica”, especificou o especialista.

Fonte: UOL

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