O vombate-de-nariz-peludo-do-norte (Lasiorhinus krefftii) é reconhecido como uma das espécies mais difíceis de ser observada na natureza australiana. Com apenas 400 indivíduos restantes, esses pequenos mamíferos estão na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, com o status de “Criticamente Ameaçados” — a categoria mais preocupante.
No entanto, um avistamento recente de um filhote em um parque ambientalmente protegido trouxe novas esperanças aos ecologistas da Australian Wildlife Conservancy (AWC), que trabalham para preservar essa espécie.
O registro inédito foi capturado por câmeras noturnas equipadas com sensores de movimento, instaladas no Richard Underwood Nature Refuge (RUNR), uma reserva localizada em Queensland, na Austrália.
Os vombates foram introduzidos na região há 15 anoscomo parte de um programa de conservação promovido pelo Departamento de Meio Ambiente, Ciência e Inovação (DESI), iniciado em 2023. Atualmente, os últimos membros da espécie estão concentrados em três locais: o Parque Nacional da Floresta de Epping, a Floresta Estadual de Powrunna e no local da RUNR.
Todas as áreas são protegidas e monitoradas pelas autoridades, que buscam garantir um ambiente onde a espécie possa se recuperar. “É muito gratificante saber que um dos animais mais criticamente ameaçados do mundo está bem e se reproduzindo dentro da segurança da área cercada”, disse Andy Howe, Ecologista de Campo Sênior da AWC, em comunicado. “Embora este não seja o primeiro nascido no refúgio, é o primeiro filhote a ser visto em alguns anos.”
Howe foi o responsável por identificar o filhote entre 100 horas de filmagens capturadas na parte leste do refúgio. O especialista acredita que o jovem aparenta estar saudável, com uma pelagem uniforme e sem nenhum sinal de machucados ou danos. Embora seja difícil precisar sua idade exata, Howe considera que se trata de um filhote que já havia sido registrado na bolsa de sua mãe em 2023.
Os vombates são marsupiais, o que significa que, assim como os cangurus, os filhotes se desenvolvem dentro de uma bolsa, chamada de marsúpio, localizada na barriga das fêmeas. Esses animais são conhecidos por seu tamanho ”atarracado”, pelas garras afiadas e suas patas robustas, que facilitam a escavação do solo. Eles ficam principalmente debaixo do solo em complexas tocas, que oferecem abrigo, alimento e água não apenas para si mesmos, mas também para outros animais.
A principal causa da devastação dessa espécie foi o desmatamento durante o início da colonização na Austrália, quando os rebanhos competiam com os marsupiais por alimentos. No final dos anos 1990, restavam apenas 35 vombates-de-nariz-peludo-do-norte em uma pequena reserva em Queensland. Desde então, o Departamento de Meio Ambiente, Ciência e Inovação da Austrália tem implementado medidas para a preservação e recuperação desses pequenos animais, que são endêmicos da fauna local.
Com essas iniciativas, os pesquisadores estão empenhados em mapear e compreender melhor o sistema de escavação dos vombates, utilizando tecnologia de radar de penetração no solo, além de monitorar a população por meio de câmeras noturnas instaladas no refúgio. “Saber que o trabalho que nós da AWC estamos fazendo está contribuindo ativamente para a recuperação desta espécie realmente aquece o coração”, relata Howe.
Fonte: Um Só Planeta