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Sítio vira refúgio para beija-flores e outras aves na serra gaúcha

23 de novembro de 2013
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Foto: Reprodução
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Um criadouro ao ar livre de beija-flores. Assim é possível definir uma propriedade rural de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, tamanha a quantidade de aves da espécie que frequentam o local diariamente. Lá, elas encontram proteção, alimento e o cuidado especial de uma família para seguir protagonizando um dos mais belos espetáculos da vida silvestre.

O beija-flor é uma das menores aves existentes nas Américas. O tamanho varia de seis a 12 centímetros. Já o peso não passa de seis gramas. Leves e rápidas, essas aves também conhecidas como colibris em algumas regiões pairam no ar quase como insetos graças à velocidade de suas asas, que chegam a bater até 80 vezes por segundo.

“Do ponto de vista fisiológico, do funcionamento do corpo, dos órgãos internos, da circulação, o beija-flor é realmente um milagre. O batimente cardíaco dele passa de mil por minuto. Nós, em comparação com o beija-flor, vivemos em câmera lenta”, diz Glayson Bencke, ornitólogo da Fundação de Zoobotânica do Rio Grande do Sul.

Existem mais de 300 espécies conhecidas de beija-flor, das quais 19 ocorrem no Rio Grande do Sul. Nessa região da Serra, onde foi identificada uma faixa de migração de aves, esses pequenos animais encontram refúgio na propriedade de Lucídio Goelzer. De acordo com pesquisadores, o sítio é a segunda maior propriedade em número de beija-flores do país, atrás de outra semelhante no Espírito Santo.

“Toda ela é natural e aberta. São beija-flores residentes da região e migratórios”, afirma Lucídio.

Foto: Reprodução
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Apaixonado pela natureza, Lucídio criou há 10 anos um imenso jardim no sítio. A ideia surgiu quando ele estava internado em um hospital, em Porto Alegre. Após se recuperar de problemas no coração, ele decidiu levar uma vida mais tranquila. Hoje, vive rodeado pelo verde da propriedade e com o canto dos pássaros como trilha sonora.

“Eu estava no hospital de cardiologia sendo atendido e fiz o início da pesquisa dentro do hospital. A gente decidiu fazer essa brincadeira prazerosa de alimentar eles, em troca dessa beleza que eles fornecem para a gente todos os dias”, conta.

Apesar do pequeno porte, esses belos pássaros têm um metabolismo altamente acelerado. São famintos e consomem até 12 mil calorias por dia, afirma Glayson. Por isso, Lucídio instalou mais de 20 bebedouros na propriedade, depois de muita pesquisa. Dentro deles há um líquido que imita o néctar das flores, uma mistura de água com açúcar.

Com alimento em abundância, os beija-flores chegam a formar fila diante dos bebedouros. Lucídio conta que sempre há pelo menos 20 aves da espécie no local e que já contou até 64 voando em uma única vez. Quem monitora a comida dos visitantes e repõe os bebedouros sempre que necessário é a caseira da propriedade, Rejane Bertuol.

“De três em três horas, os bebedores ficam secos e já tenho que repor de novo. Eu lavo os bebedouros todos os dias e quando chego com a bacia elas já vêm ao meu encontro”, conta ela.

Na propriedade já foram identificadas 14 espécies de beija-flor. O colibri mais raro encontrado no sítio é o Besouro Amistar, que pesa menos de três gramas. Mas Lucídio diz que a porta está sempre aberta para novos visitantes. A diversidade de pássaros é o que garante a harmonia do local, quase um jardim secreto escondido em meio aos morros e à mata nativa.

“É surpreendente o volume de beija-flores que passam por aqui”, conclui Lucídio.

Fonte: G1

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