(da Redação)
“Não são as espécies que fazem a diferença” disse o professor de bioética Peter Singer em uma palestra sobre direitos animais na última terça-feira (8). Singer comparou o especismo ao racismo e ao sexismo, descrevendo-o como um preconceito contra um fato biológico que faz os humanos se sentirem superiores aos outros animais, “independente do que, de fato, eles são”. As informações são do Daily Princetonian.
Singer falou ao lado de Jeff McMahan, professor da Universidade de Rutgers, e de Dale Jamieson, professor da Universidade de Nova York, em um painel do evento que ocorreu no Robertson Hall. No local também foi apresentado o trabalho “Nonhuman Animals: Eat, Test, Love” (“Animais não humanos: Coma, Teste, Ame”), uma exibição de pinturas de Hetty Baiz,uma artista local que decidiu explorar a crueldade animal em sua arte após ler o livro Animal Liberation de Peter Singer. As informações são do Daily Princetonian.
Singer abriu o evento com uma introdução aos modos tradicionais de pensar sobre os animais. Ele citou a Bíblia para caracterizar a atitude do Ocidente para com os animais não humanos.
“Nós achamos essa ideia de que Deus criou a nós humanos e a Terra, e criou os animais e nos disse: ‘enchei a terra e sujeitai-a, dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves da terra, e sobre todos os seres vivos que se movem sobre a terra'”, disse Singer.
Mas a doutrina religiosa ocidental, ele explicou, não necessariamente causou a subjugação humana dos animais ao longo da história.
Singer falou que, enquanto os seguidores de religiões orientais apresentam uma visão mais igualitária de animais e muitas vezes tratam os animais da mesma forma, o versículo fornece “a justificativa para o que faríamos de qualquer maneira”.
Singer falou sobre um retrato de um rato que vira na exposição e que nele o animal parecia particularmente poderoso. “Naquela pintura, você pode ver que um rato é um indivíduo e que tem um senso de seu próprio ser, e que ele é curioso sobre o seu entorno e tem uma introspecção que devemos respeitar”.
McMahan argumentou que matar animais é imoral mesmo que o processo seja considerado indolor. “Nós mesmos estamos dispostos a sofrer um pouco de dor para obter os benefícios de uma vida prolongada”, disse ele, citando a quimioterapia como exemplo. “Então por que deveríamos pensar que com os animais é diferente? Por que devemos pensar que as vidas deles, ou as vidas futuras deles, não são importantes para os mesmos como as nossas vidas futuras são importantes para nós?”.
O professor Jamieson observou que a arte visual discutida por Singer representa a emergência contra “todo um background de mudança cultural da nossa expressão com relação aos animais”. Ele apontou a literatura e as artes cênicas como outras áreas que têm colaborado para aumentar a crítica contra a crueldade aos animais.
Jamieson concluiu a palestra descartando os métodos supostamente humanos de “abate” de animais.
“Os animais que entram na Whole Foods (empresa de alimentos americana) que supostamente tiveram vidas felizes provavelmente não as tiverem e certamente não foram mortos sem dor”, disse ele. Jamieson e McMahan sugeriram o veganismo e o vegetarianismo como a solução.