O que antes era apenas uma suposição, agora é dado estatístico. O IBOPE divulgou no começo de março uma pesquisa apontando hábitos de saúde dos brasileiros e o estudo indica que há 9% que se declaram vegetarianos. A população vegetariana no Brasil cresce e se torna um nicho de mercado importante, com o potencial de consumo de aproximadamente 17,5 milhões de pessoas.
“Esta pesquisa legítima nossa voz. Sempre foi muito difícil convencer empresas e políticos a pensarem em estratégias para atender o público que não se alimenta de carne. Havia uma desconfiança de que os investimentos serviriam a uma minoria sem importância. Apenas para ter ideia, a estimativa de diabéticos ou de celíacos no Brasil é menor que a do número de vegetarianos e há políticas estabelecidas para esta parcela da população, sobretudo no que se refere à rotulagem de alimentos, mas não temos nada parecido, no âmbito da lei, para o público vegetariano. Precisamos mudar esta realidade.” – comenta Ricardo Laurino, coordenador do grupo de Curitiba da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
É com este espírito de comemoração que a SVB promoverá o 6º Simpósio Vegetariano de Curitiba, em 04 de junho, sábado, em parceria com o grupo ONCA de Defesa Animal. O evento tem como objetivo discutir linhas de ação para grupos que defendem o direito animal e também mostrar os benefícios do vegetarianismo para a saúde e o meio-ambiente. O Simpósio lembrará inclusive a comemoração do Dia Mundial do Meio-Ambiente, 5 de junho.
“Nos últimos eventos que a SVB promoveu em Curitiba, a exemplo da Feira Vegetariana, sempre se focou muito no vegetarianismo como uma escolha que você faz. Com este Simpósio, queremos mostrar o ‘ponto de vista do animal’. Por isso o título O Que Nossos Olhos Não Veem, O Coração Deles Sente abrir o evento.”, diz Ricardo: “Queremos ressaltar que aos animais não cabe o direito de escolher entre viver ou virar comida. Mas há 17,5 milhões de brasileiros que não acham certo roubar-lhes o direito à vida.”
Parece que a força deste mercado não pode mais ser desprezada por nenhuma organização, mesmo aquelas que não estão envolvidas com alimentação. A indústria Arezzo, que produz calçados e acessórios, viu-se obrigada a retirar em abril deste ano parte de uma linha de produtos com pele animal de suas lojas depois de inúmeros protestos de vegetarianos e simpatizantes pelo Twitter e Facebook.
Sobre o fato, Ricardo comenta: “A organização que não incluir a policy do ´especismo´ em suas campanhas de marketing estará com sérios problemas de imagem no futuro. Não apenas a Arezzo cometeu especismo, usando pele animal em sua coleção, como outras grandes já erraram ao supor que seus consumidores compactuam com a crença de que os animais são bens de consumo. A Samsung, no ano passado, colocou no ar uma tela de descanso para celulares em que um rapaz aparecia chutando um gato e foi bombardeada na internet.”
Especismo é o preconceito contra outras espécies que coabitam com o homem o planeta Terra. É especismo achar que um animal tem menos direito à vida que o homem quando este o mata ou o explora com base no argumento da superioridade da raça humana. O especismo também será tema do 6º Simpósio Vegetariano de Curitiba em suas várias palestras. Confira a programação abaixo.
Serviço:
6º SIMPÓSIO VEGETARIANO DE CURITIBA
O que nossos olhos não veem, o coração deles sente.
Data: 04 de junho, sábado.
Horário: das 14h às 19h.
Inscrições: gratuitas pelo site www.svb.org.br/curitiba
Local: Casa Máy – Rua Barão de Guaraúna, 673 – Juvevê – Curitiba, PR.
Programação:
14:00 – Credenciamento
14:20 – Abertura com recitação do poema “Leitão Pururuca” – Zetti Nunes, poeta vegano.
14:40 – Apresentação Institucional da SVB – Ricardo Laurino, coordenador da SVB-Curitiba.
15:20 – Modelos práticos de ativismo pelos Direitos Animais/Vegetarianismo – Lydvar Schulz, membro do grupo Onca Defesa Animal.
16:10 – Intervalo
16:30 – Sustentabilidade da boca para dentro: como nossos hábitos alimentares influenciam o meio ambiente e nossa saúde – Natalia Chede, nutricionista CRN 4468.
17:30 – Os Animais no Ordenamento Jurídico – Dra. Danielle Tetu Rodrigues, advogada, doutoura em Meio-Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR.
18:30 – Debate de encerramento
Fonte: JE