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URBANIZAÇÃO

Silêncio nas manhãs: por que os passarinhos estão cantando menos nas cidades

Pesquisas revelam como o barulho, a luz artificial e a falta de natureza estão transformando o comportamento das aves nas cidades.

16 de abril de 2025
Diego Portalanza
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Se você já notou que as manhãs urbanas estão mais silenciosas, especialmente no que diz respeito ao canto dos pássaros, não está sozinho. Esse fenômeno tem sido observado por moradores de diversas cidades ao redor do mundo.

A diminuição do canto matinal das aves urbanas é um reflexo das mudanças ambientais provocadas pela urbanização acelerada, e tem despertado o interesse de pesquisadores e ambientalistas.

A Universidade Tcheca de Ciências da Vida, em Praga têm conduzido estudos para compreender como fatores urbanos, como o ruído e a iluminação artificial, afetam o comportamento das aves. Essas pesquisas revelam que as aves estão adaptando seus padrões de canto em resposta às condições desafiadoras das cidades.

O impacto do ruído urbano no canto das aves

O ruído constante das cidades, proveniente de veículos, construções e atividades humanas, interfere significativamente na comunicação das aves. Para serem ouvidas, muitas espécies urbanas passaram a cantar em frequências mais altas, tentando superar o barulho ambiente. Por exemplo, estudos com chapins (Parus major) mostraram que esses pássaros cantam em tons mais agudos nas cidades do que em áreas rurais, como forma de adaptação ao ruído urbano.

Além disso, algumas aves estão ajustando o horário de seus cantos. Pesquisas indicam que aves urbanas iniciam seus cantos mais cedo do que suas contrapartes rurais, possivelmente para evitar os horários de pico de ruído nas cidades . No entanto, mesmo com essas adaptações, o volume total de canto ao longo do dia tende a ser menor nas áreas urbanas.

A influência da iluminação artificial

A iluminação artificial das cidades também desempenha um papel crucial na alteração dos padrões de canto das aves. A luz constante pode desorientar os ritmos circadianos das aves, levando-as a cantar em horários atípicos ou a reduzir a frequência de seus cantos. Estudos sugerem que a combinação de luz e ruído artificiais modifica significativamente o comportamento das aves, afetando não apenas seus cantos, mas também seus ciclos de alimentação e reprodução.

Durante os períodos de lockdown causados pela pandemia de COVID-19, observou-se uma mudança notável no comportamento das aves. Com a redução do tráfego e da atividade humana, aves como o pardal-de-coroa-branca (Zonotrichia leucophrys) passaram a cantar em tons mais suaves e complexos, semelhantes aos de suas contrapartes rurais. Esse fenômeno destacou a capacidade das aves de ajustar seus cantos em resposta às mudanças no ambiente sonoro.

Fatores que contribuem para o silêncio matinal nas cidades

Diversos elementos urbanos influenciam a diminuição do canto das aves nas manhãs:

  • Ruído constante: O barulho contínuo das cidades dificulta a comunicação entre as aves, levando-as a reduzir ou ajustar seus cantos.
  • Iluminação artificial: A luz constante pode desregular os ciclos naturais das aves, afetando seus horários de canto.
  • Alterações no habitat: A urbanização reduz os espaços verdes, limitando os locais adequados para nidificação e canto.
  • Mudanças comportamentais: Aves urbanas podem priorizar outras atividades, como a busca por alimento, em detrimento do canto.
  • Estresse ambiental: A exposição contínua a estímulos urbanos pode aumentar os níveis de estresse nas aves, impactando seus comportamentos naturais.

A diminuição do canto das aves nas cidades é um sinal claro de como a urbanização afeta a vida selvagem. Para preservar a biodiversidade urbana e manter o equilíbrio dos ecossistemas, é essencial implementar medidas que reduzam o impacto ambiental das cidades. Isso inclui a criação de áreas verdes, o controle da poluição sonora e luminosa, e a promoção de práticas urbanas sustentáveis.

Fonte: Tempo

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