Cinco dias depois de ser resgatada de um atropelamento em uma rodovia em Monte Alto (SP), uma seriema passou por cirurgia para recuperação de uma fratura grave na asa e na pata esquerda e já está andando.
A veterinária Maria Ângela Panelli foi responsável pelos cuidados com o animal.
“Ela tinha uma fratura exposta muito feia na articulação e uma fratura em distal de tarso. Chegou para mim segunda-feira cedo, fizemos cirurgia na quarta (5) e na quinta (6) já começou a reagir super bem”.
A recuperação da seriema tem surpreendido a médica. “A maioria deles demora um pouquinho para voltar a querer pisar. A gente está muito surpreso. Ela começou a andar, começou a pisar sozinha. Não conseguia nem ficar em pé, então a gente colocou ela em uma cadeirinha”.
Um exame de sexagem para saber se trata-se de macho ou fêmea também foi feito e a veterinária espera o resultado para dar nome ao animal.
A seriema foi encontrada pelo ambientalista Samuel Maria no domingo (2) à noite, na estrada que liga Monte Alto (SP) ao Distrito de Ibitirama.
“Recebi uma ligação que tinha uma seriema no trecho de Monte Alto a Ibitirama. Era umas 19h. Resgatei ela, vi que estava bem machucada, dei água, ela tomou bastante água, e remédio para amenizar a dor. Na segunda [dia 3], encaminhei para a doutora. Agora está na fase de tratamento, recuperação”.
Seriema não deve voltar para a natureza
Apesar da boa recuperação, a seriema não deve voltar para a natureza. Isso porque o tipo de material utilizado na cirurgia pode colocar predadores em risco.
“Foi usado um implante metálico e, quando a gente usa implante metálico, o animal não pode voltar para a natureza, senão ele põe em risco a vida dos possíveis predadores”, destaca Maria Ângela.
Segundo Samuel, a seriema é uma presa para onças, por exemplo. Por isso, é muito provável que, assim que recuperado, o animal ganhe um novo lar em zoológicos ou abrigos similares.
“Se a onça comer ela, esse pino pode fazer a onça morrer também”.
O ambientalista ainda contou que seriemas são animais monogâmicos e o animal pode nunca mais encontrar o par.
“Sempre vivem em casal. O lado triste é que, quando resgatamos ela, o parceiro ou parceira, porque ainda não sabemos se é macho ou fêmea, estava ao lado. Ela perdeu o parceiro”.
Samuel resgata animais silvestres há mais de dez anos e conta que já salvou mais de dois mil bichos. Alguns deles, inclusive, retornaram à natureza.
“A gente tem uma equipe que eu chamo de Bicho do Bem. A gente já salvou muito, conseguiu levar de volta para a natureza”.
Fonte: G1