A série da TruTV “Adam Ruins Everything”, estrelada por Adam Conover, e também exibida na Netflix, recentemente dedicou um episódio a mostrar como o bacon, um pedaço de gordura subcutânea indesejado até os anos 1980, se tornou tão popular, mesmo não sendo saudável e mais tarde tendo o seu consumo associado ao risco de doenças cardíacas e câncer.
No episódio, Conover relata que nos anos 1980 o US Pork Board, o conselho de suinocultores dos Estados Unidos, tinha facilidade em comercializar os cortes magros de carne suína, porém não os cortes gordos, já que muitos consumidores não achavam uma boa ideia pagar para comer a gordura subcutânea de um animal.
Então, segundo o programa, a indústria de fast food, representada por Bob Archery, se reuniu com o gerente nacional do conselho de suinocultores em Orlando, na Flórida, para encontrar uma estratégia para fazer com que a população passasse não apenas a consumir bacon, mas também a vê-lo como parte de sua própria cultura alimentar.
Para mudar a mentalidade da população em relação ao bacon nos EUA, o tornando popular, a indústria de fast food passou a incluí-lo nos lanches, junto ao hambúrguer e ao queijo cheddar servidos em seus restaurantes – criando assim a imagem do “hambúrguer tradicional americano”. Não demorou, e os consumidores abraçaram essa combinação que nasceu de uma tentativa de lucrar com um pedaço de gordura subcutânea, que até então não tinha valor agregado de mercado.
A propaganda foi tão eficaz que os consumidores passaram a desconsiderar a origem do bacon, que a princípio era extraído das nádegas do porco após o abate, depois passando a ser extraído das laterais e então da barriga do animal. Hoje, o maior exemplo da eficácia dessa propaganda é o fato de que, mesmo com os comprovados malefícios associados ao consumo de bacon, muita gente não consome um lanche se não tiver algumas tiras de gordura subcutânea suína.