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Seres humanos ameaçam a vida dos tubarões na costa alagoana

11 de maio de 2015
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Biológo alerta para a degradação do habitat natural dos tubarões
Biológo alerta para a degradação do habitat natural dos tubarões

Tubarões têm sido capturados cada vez mais próximo da costa alagoana. O aparecimento desses animais tem levantado questionamentos e medo por parte dos banhistas, que temem um possível ataque como os que ocorrem frequentemente no Recife.
“As pessoas não devem temer um ataque de tubarão nas praias de Maceió. Elas devem temer os carros que transitam nas praias, infringindo a lei. Devem temer o lixo descartado pelos banhistas e o esgoto despejado nos mares. Esses sim apresentam riscos e podem causar acidentes e adoecer pessoas. O tubarão não é um perigo em potencial para quem frequenta as praias do litoral de Alagoas, mas o ser humano é uma ameaça constante para a espécie. Nós temos que nos preocupar é com a preservação desses animais”, afirma o biólogo Cláudio Sampaio.
Cláudio – que é secretário da Sociedade Brasileira para o Estudo dos Elasmobrânquios (tubarões e arraias) – se preocupa com o futuro da espécie diante da degradação dos ambientes marinhos costeiros e da poluição dos mares e oceanos.
“O tubarão-martelo está ameaçado de extinção no Brasil. Ele precisa do estuário [região onde rios e mares se encontram] para sobreviver e esses ambientes estão cada vez mais degradados. Essas regiões são berçários de muitas espécies. Cerca de 70% das espécies de peixes comerciais dependem dos estuários e dos manguezais para se reproduzir, e o tubarão é muito importante para manter o ecossistema equilibrado. Então, preservar o tubarão é um benefício tanto para a pesca quanto para o turismo”, destaca.
O biólogo alerta para a possibilidade de um ataque no futuro se a degradação do meio ambiente continuar no ritmo em que está.
“O número de turistas tem aumentado, e consequentemente o número de banhistas também. Esse fato aumenta a possibilidade de um encontro entre o homem e o tubarão. Mas eu repito que não há relatos históricos de ataques no litoral de Alagoas e que esse ainda é um risco distante”.
A espécie mais comum encontrada perto da costa alagoana é o tubarão-cabeça-chata.
“É uma espécie potencialmente perigosa, principalmente por seu tamanho. O tubarão-cabeça-chata possui hábitos costeiros e sua aparição é comum. Hoje em dia as pessoas têm mais acesso à informação e muitas que não entendem dos hábitos dos tubarões, acabam se assustando. Mas muitas espécies têm hábitos costeiros e costumam ser vistas por pescadores e pesquisadores”, explica.
Outra ameaça para o tubarão é a pesca em grande escala. Claudio Sampaio explica que desde que inventaram a rede de náilon, muitas espécies estão sendo extintas do meio ambiente.
“Não há nenhum lugar nos oceanos onde não se possa capturar qualquer espécie que seja. Com a modernização dos equipamentos de pesca, os animais marinhos passaram a correr maiores riscos”.
A área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais trabalha na conservação do habitat natural de várias espécies marinhas, inclusive dos tubarões. O biólogo acredita que com esse trabalho o risco de acontecer ataques diminui ainda mais.
“Reafirmo que não temos históricos de ataques. Porém, os órgãos públicos não investem em saneamento básico e nossas praias têm altos índices de coliformes fecais, sem condições de balneabilidade. Como que um estado que tem o turismo como principal fonte de renda pode deixar suas lagoas, que deram nome a essa terra, chegar ao ponto que chegaram?”, questiona.
Fonte: Tribuna Hoje

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