Por Fátima Chuecco (da Redação)
O julgamento de Dalva Lina da Silva, conhecida como “a matadora de animais”, previsto para acontecer no dia 4 de maio, foi remarcado para hoje, 20 de maio, às 17h30, no Foro Criminal da Barra Funda (SP) – acompanhe hoje à noite o resultado pelo portal da ANDA. Dalva será julgada por crimes contra a fauna com o agravante da morte dos animais, pois, houve um flagrante com 37 animais, entre cães e gatos, mortos e ensacados na frente de sua casa. Na época o caso foi noticiado amplamente na mídia e chocou todo o país, afinal, além de vários filhotes de gatos, havia também uma cadelinha com 18 perfurações no peito, entregue nas mãos de Dalva poucas horas antes de ser morta (um vídeo comprova isso).
Executados
“Os laudos detectaram vários animais saudáveis, alguns já até castrados. A motivação não sei, mas eles foram simplesmente executados”, disse o advogado de acusação Rodrigo Barbosa Carneiro, contratado pela ONG Adote um Gatinho, que é a entidade que move a ação. Os animais foram mortos com injeção letal aplicada diretamente no coração – um método extremamente angustiante e doloroso. A veterinária Rafaela Costa Magrini explica que acertar o coração pode ser fácil apenas para quem estudou a anatomia animal. Ela diz que a perfuração no coração já causa incômodo e dor, mas com muito medo e estresse, que era a situação desses animais, o nível de dor aumenta bastante. O correto, inclusive, é dar primeiro uma anestesia geral no caso de ter que sacrificar um animal.
Versão mudada
No início de 2012, quando os crimes ocorreram, Dalva chegou a confessar, inclusive para a imprensa, que matou parte dos animais porque não tinha para quem doá-los e nem como sustentá-los. Alegou que pensou, dessa maneira, abreviar o sofrimento deles. A pergunta é: então por que continuava aceitando os animais? Por que não os devolvia ou soltava? No entanto, nas últimas audiências Dalva passou a dizer que não matou nenhum dos 37 animais e nem sabe como foram parar em sua porta.
Dalva vendeu a casa onde residia na Vila Mariana (SP) e hoje se divide entre uma casa na cidade de Agudos do Sul (PR) e um apartamento na Aclimação (SP). Um tempo atrás, em entrevista concedida à TV Record, no Paraná, ela disse que “ama os animais” e até se tornou vegetariana por causa deles. Cada uma daquelas “vidinhas”, largadas no asfalto depois de serem cruelmente mortas, foi testemunha disso que Dalva chama de “amor”.
Motivação
Estudos feitos pelo FBI apontam que uma esmagadora parcela de psicopatas (mais de 85%) começa sua trajetória torturando e matando animais, às vezes na adolescência ou até mesmo na infância. É uma espécie de “treino” antes de migrarem para vítimas humanas. Por conta disso e para garantir maior segurança de pessoas e de animais, a partir do próximo ano, quem maltratar e matar animais nos EUA terá um julgamento igual ao de qualquer outro criminoso.
Os psicopatas podem praticar assassinato em série (ao longo de semanas, meses ou anos – conhecidos como serial killers) ou em massa (quando muitas mortes são cometidas ao mesmo tempo). Caso Dalva venha praticando esses crimes há anos, ela se encontra nas duas categorias. Mas essa pode nem ser a pior notícia. A pior é: psicopatas não têm cura. O prazer sádico de matar acompanha os psicopatas por toda a vida. Mas essa hipótese não foi adotada pela acusação e nem pela defesa do caso.
Revolta
“Nunca tinha ouvido falar de um caso desse nível. Acredito que ela fazia isso por maldade. Uma pessoa dessas não tem conserto”, diz Roseli Albuquerque, professora aposentada. Maria José Ferreira, conhecida como Zezé Protetora dos Animais, acompanha o caso desde o começo: “Nunca perdi a Dalva de vista. Foi feita uma estimativa que ela pode estar fazendo isso há dez anos, o que resultaria na morte de milhares de animais de uma forma muito trágica e dolorosa. Uma vez psicopata, sempre psicopata. Isso faz parte do ritual de vida dela”.
A professora Daniele Fragoso diz que ficou muito chocada com o caso: “A frieza da Dalva, o descaso com que as leis tratam episódios desse tipo, o comportamento de uma pessoa capaz de chegar a um crime desse tamanho, tudo isso me chocou. Na minha opinião, a solução seria mudar as leis para privá-la de ter acesso aos animais porque a mentalidade dela não vai mudar, isso não vai acontecer nunca”.
Quer acompanhar o inquérito 018/2012 em detalhes? Acesse o link.
E veja as matérias anteriores, incluindo entrevista com o advogado de acusação e detalhes do caso em:
Caso Dalva. A história ainda não acabou!
Matadora de animais será julgada dia 4 em São Paulo (SP)