Aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, uma proposta legislativa encaminhada recentemente para a Comissão de Meio Ambiente defende o comércio e consumo de carne de javali, além de favorecer ainda mais a caça de espécies consideradas exóticas e nocivas.
O Projeto de Lei do Senado (PLS) 201/2016, de autoria de Wellington Fagundes (PL-MT), também quer “estabelecer condições para consumo, distribuição e comercialização de produtos e subprodutos resultantes do abate desses animais”.
Fagundes alega que a proposta é importante “em decorrência do alastramento nocivo do javali europeu no Brasil” que, segundo ele, tem gerado perdas econômicas para os produtores rurais com a destruição das lavouras.
Senador se contradiz em sua justificativa
“A grande quantidade de javalis presentes no campo tem gerado riscos à saúde humana e animal. A possibilidade de transmissão de doenças como peste suína, febre aftosa e brucelose ameaça à saúde de rebanhos destinados à alimentação humana”, argumenta.
Em sua justificativa, o senador cai em contradição, porque mesmo considerando a espécie como “um risco à saúde humana e animal”, ele defende o comércio e consumo de carne de javali, o que também não está entre os hábitos alimentares dos brasileiros.
Além disso, a proposta é vista com preocupação, já que estimula uma nova cadeia produtiva no país que estaria muito além do já controverso “controle populacional” baseado na matança desses animais – o que hoje, e com autorização do governo, já ocorre com o uso de cães e armas brancas.
O incentivo ao comércio e consumo de carne de javali pode ainda estimular a criação ilegal desses animais e favorecer a proliferação de doenças comuns entre espécies exóticas. Considerando que hoje se fala tanto em doenças zoonóticas, ou seja, transmissíveis de animais para humanos, reduzir mais um animal a alimentos e outros produtos não parece boa ideia.
Como os javalis chegaram ao Brasil?
Na década de 1990, e com autorização do Ibama, o javali chegou ao Brasil por iniciativa de produtores rurais do Rio Grande do Sul que tencionavam comercializá-lo como “carne exótica”. O negócio não deu certo e os animais foram abandonados, se reproduzindo sem qualquer controle.
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