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“Todas as semanas recebo animais que iam ser comidos”, diz veterinário

24 de junho de 2014
3 min. de leitura
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macau

Ruan Bester, veterinário, foi uma das 1.600 pessoas que domingo marchou entre o Tap Seac e a sede do Governo para pedir uma lei de protecção dos animais em Macau – uma das regiões administrativas especiais da República Popular da China.

Nem era preciso ler as frases escritas em inglês nas cartolinas para perceber o objectivo da marcha que juntou cerca de 1.600 pessoas entre o Tap Seac e a sede do Executivo – a polícia aponta para 700. É que entre os manifestantes com t-shirts cor-de-laranja era possível ouvir o ladrar de vários cães. Uns agarrados por trela, outros em carrinhos de bebé, cães e gatos acompanharam os tutores na marcha para pedir avanços na lei de protecção dos animais. As frases nos cartazes explicavam o resto: “O abuso dos animais é crime” e “A vida não vale nada sem uma lei para a proteger”.

Já nos posters junto ao palco no Tap Seac, viam-se fotos de animais mal tratados. Um gato sem pernas. Um cão com as orelhas e a cauda cortadas. E um gato apanhado numa armadilha que ficou com o corpo em pedaços ao tentar soltar-se – casos que Ruan Bester conhece bem.

“Todas as semanas recebo animais mal tratados que são trazidos por pessoas que os salvam de ser comidos”, relata o dono da Royal Veterinary Center. A trabalhar em Macau há 11 anos, o veterinário já contou centenas de situações como estas e acredita que se a lei estivesse em vigor podiam ter sido evitadas.

No entanto, Bester saúda o facto de o Governo ter avançado na semana passada com as linhas gerais da lei que está a ser preparada há sete anos e que inclui multas entre duas mil e 100 mil patacas e três anos de prisão para quem maltrate animais.

“É um início. Desde que haja um começo há sempre oportunidade para melhorar”, defende.

Antonieta Manhão, da Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (AAPAM), concorda. “Para primeiro passo é bom”, diz a voluntária da associação que organizou a marcha.

Já José Pereira Coutinho, que encabeçou a marcha com as líderes da AAPAM e os membros da Novo Macau, acha que o processo de aprovação da lei será breve. Razão: “Vamos ter a eleição do chefe do Executivo e este é um marco importante no novo mandato. Acredito a lei seja aprovada até ao final do ano”. O Executivo não se comprometeu com uma data de quando vai entregar o diploma aos deputados.

No entanto, Pereira Coutinho assinala que o projecto de lei, tal como foi apresentado, tem falhas pois não criminaliza o abandono de animais, por exemplo.

Já a AAPAM garante que não vai baixar os braços. “A gente luta até ao fim. Em Dezembro vamos fazer a marcha em defesa dos direitos dos animais, mas esperamos que seja de festa. Para celebrar [a aprovação da lei]”, conclui Antonieta.

*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.

Fonte: Ponto Final Macau

 

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