Em uma semana, dez animais apareceram mortos no bairro Bela Vista, em Catanduva. A suspeita é de envenenamento, já que um pedaço de linguiça com o veneno foi encontrado próximo das casas. Outros casos também foram registrados nos bairros São Francisco e Parque Glória.
O aposentado Jair Mendes, de 64 anos, conta que só da casa da vizinha, cinco animais foram envenenados. “Dois gatos apareceram mortos na casa dela e ela enterrou. Outros três cachorros sumiram e não apareceram até agora, fazendo com que ela suspeite ainda mais do envenenamento”, afirma Mendes.
Ele explica que a constatação do veneno foi na esquina das casas, na Rua Birigui. “Vimos lá o pedaço de linguiça com o veneno de chumbinho dentro. Um perigo para os animais, que na inocência acabam ingerindo esse alimento com alteração”, diz o aposentado.
Mendes não pensa em adotar nenhum cãozinho, já que teme que situação semelhante à da vizinha aconteça na casa dele. “A crueldade é tamanha que até mesmo bombas são jogadas no quintal das casas para assustar os cães que latem aqui na nossa região”, afirma o morador.
A também aposentada Elza Rodrigues, de 65 anos, viu a situação de perto. Ela, que mora na Rua Araçatuba, era tutora de uma cachorra que foi envenenada. “Eu a tive por cinco anos em casa, a gente pega amor no animal. Pensei que fosse infarto, mas quando vi a língua dela preta e o pedaço de linguiça na esquina percebi que era envenenamento”, diz Elza.
Ela reclama da situação. “Fico horrorizada. Porque minha cachorrinha não fazia nada a ninguém. Do jeito que estamos aqui, nem quero mais animal. Tinha acabado de comprar uma casinha para ela e acontece isso. Tomara que quem fez isso seja penalizado”, afirma a aposentada.
A dona-de-casa Maria Aparecida Teixeira, de 62 anos, tinha uma cachorrinha da raça poodle há 12 anos, que foi vítima de carne envenenada. “Vi ela jogada no chão. Quando olhei embaixo do carro vi os pedaços da pele da linguiça e soube que havia envenenada. Não faço nem ideia de quem tenha feito isso”, diz Maria.
Ela que também cuida da cachorrinha da neta e diz estar insegura. “Agora tenho que ficar o tempo todo em alerta, porque morro de medo de acontecer alguma coisa com essa também”, afirma a dona-de-casa.
O motorista Laurindo Stuchi, de 69 anos, diz que o neto queria muito arrumar um gatinho, mas devido a quantidade de mortes de animais, decidiu não adotar nenhum. “Meu irmão tinha um gato e no ano passado fizeram a mesma coisa. Por isso não tenho coragem de deixar meu netinho ter um, porque a gente pega amor e depois matam”, diz Stuchi.
Nada de bancar o heroi
Segundo o médico veterinário Sérgio Tsutsui, em caso de suspeita de envenenamento, é importante que o tutor não tente intervir. “Quando o animal aparenta estar envenenado, os tutores ficam com medo, assustados e nervosos, por isso não são indicados para ajudar. O ideal é que eles procurem um médico veterinário de confiança o mais rápido possível, já que a ação do veneno é instantânea”, afirma Tsutsui, que também fala que as orientações podem ser dadas até mesmo por telefone.
Ele explica que em alguns casos, a intervenção do tutor pode até atrapalhar o animal. “A suspeita é de chumbinho, mas o animal pode ter sido envenenado com soda cáustica, então se o tutor estimular o vômito, pode prejudicar ainda mais”, diz o médico veterinário.
Além de procurar um especialista com a máxima de urgência, Tsutsui também orienta que o tutor busque itens que foram encontrados próximos ao animal. “O veterinário consegue avaliar pela cor do vômito e pelo cheiro se foi envenenamento ou não, por isso todo item encontrado próximo ao animal deve ser levado ao veterinário”, afirma Tsutsui.
Fonte: Diário da Região