O carro é fruto da indenização que lhe coube, além de sua moradia com os animais há quinze dias. Dentro dele, além de cachorros dormindo, algumas sacolas com roupas, um rádio, e a Bíblia. “Sou uma missionária de Deus”, afirma. Ela não consegue esconder o afeto incondicional pelos cachorros, principalmente enquanto conta a sua situação.
“Não quero mais humilhação do que estou passando. E também não quero me desfazer de nenhum deles”, disse ela, aos prantos.
Ederly vivia de vendas de rifas e bijuterias, mas garante ter formação, inclusive falando duas línguas, inglês e espanhol, como pôde mostrar à reportagem. Sem casa, a sua preocupação é achar um local para deixar os animais, para que possa trabalhar.
“Ganho ração para eles, e também consigo comida para mim, além de lugar para passar a noite com eles no carro. Preciso de um local para deixá-los provisoriamente, para eu poder trabalhar e dar entrada em uma chácara para morar”, diz.
Ela chama os cachorros, um a um, pelo nome, e todos atendem prontamente, mesmo quando estão correndo longe. Ela também dá bronca quando eles não obedecem, como se falasse com crianças.
“Dois deles estão cegos, e outros estão com câncer. Eu tinha mais animais; já doei o dobro, além de vender todas as minhas coisas. Há mais de 40 anos crio cachorros, alguns deles estão comigo há 20”, diz ela, que garante vacinas e castração, e volta a lembrar que não quer se desfazer deles. Ela conta 17 “filhos”, entre machos e fêmeas, fora os filhotes.
Embora não se mostre orgulhosa por isso, diz que ganha comida batendo em portas. Portas fechadas pela sua família diante de sua situação, conforme conta. Santista, veio a Limeira há 30 anos cuidar da mãe doente, que já faleceu. Ela diz que tem uma filha, que está na mesma situação dela.
Depois de 14 anos de financiamento, não conseguiu mais pagar as prestações da casa (que era) própria. Quem se interessar em ajudá-la, sobretudo para acolher os seus animais temporariamente, pode ligar para (19) 8814-3336.
Fonte: Gazeta de Limeira