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Segundo psicanalista, o ser humano aprende a amar com os animais, e não o contrário

14 de maio de 2011
3 min. de leitura
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Por Cristina Nadotti
Tradução por Moisés Sbardelotto

Não somos nós que adestramos os cachorros, são eles que nos adestram. E o que eles nos ensinaram, ou melhor, o que eles nos inculcaram em mais de 30 mil anos de olhares adoradores e de abanos de rabos frenéticos é o amor desinteressado.

Jeffrey Moussaieff Masson, psicanalista e estudioso de sânscrito norte-americano, que se dedicou à observação do comportamento animal, depois de ter afirmado que I cani non mentono sull’amore [Os cães não mentem sobre o amor] – lançado em 1999 – demonstra agora que os cachorros nos ensinaram essa capacidade incondicional de dar amor com a sua presença constante ao nosso lado no momento crucial de nossa evolução de Homo sapiens.

Masson é um dos escritores mais cultuados sobre o tema nos Estados Unidos, e seu livro Il cane che non poteva smettere d’amare [O cão que não podia deixar de amar], à venda a partir de hoje pela editora Tropea, não decepcionou os apaixonados pelo gênero. Como em seus livros anteriores, por meio da brincadeira tão querida pelos amantes de animais, Masson consegue contar anedotas sobre o seu cachorro, enriquecendo-as com teorias científicas fundamentadas.

Isso lhe ajuda a poder ambientar as suas descrições de corridas desenfreadas com orelhas esvoaçantes e língua de fora naquele paraíso terrestre que é a Nova Zelândia, onde Masson vive em uma casa à beira da praia, que se tornou uma espécie de área comum para cães, gatos, galinhas, ratos, pôneis e – mas eles parecem personagens secundários – humanos.

O ponto de partida de Masson para sua teoria dos cachorros “professores do amor” é uma tese muito debatida em etologia, isto é, a natureza das emoções dos animais. O psicanalista norte-americano vai mais longe ao afirmar que “os cães poderiam sentir algumas emoções mais intensamente do que nós” e que, observando-os, “poderemos ter um maior conhecimento das emoções que nos faltam”. Entre estas estão a “pura alegria de viver”, que permite que os cachorros “desfrutem o momento”, a capacidade emocional que, para Masson, governa a sua propensão a amar.

Outro marco do livro é a capacidade de comunicação dos cachorros, usuários de uma linguagem refinada e adaptada justamente em função da proximidade com o ser humano. Basta observar o lobo, do qual o cão domesticado descende, para ver como o movimento do rabo ou a postura corporal se modificaram para ser mais acentuado, mais legível pelo ser humano como sinais de interação.

Nisso, Masson também chega a hipotetizar uma adaptação recíproca da linguagem humana e chega a dizer – embora especificando que se trata de uma hipótese de difícil demonstração – que, “mediante a associação com os cachorros, nos transformamos de hominídeos primitivos a membros da espécie Homo sapiens”. Pareceria uma declaração de um animalista exaltado, se não fosse pelo fato de que, para provar a relação especial entre cães e seres humanos, Masson cita, e não de forma inadequada, Kant, Lévinas, além das mais recentes pesquisas mundiais no campo da psicobiologia, da etologia e da psicologia cognitiva, tanto que as 20 páginas de bibliografia final estão entre as mais preciosas do livro.

Os amantes dos gatos ficam um pouco decepcionados, mesmo que Masson deixe aberta uma possibilidade de emancipação também para eles, talvez capazes de também se tornarem adoradores em alguns milhares de anos. Ou talvez Masson deixa a porta aberta para nos provar, mais tarde, que os felinos são capazes de nos ensinar como nos tornamos independentes.

Fonte: Instituto Humanitas

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