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CRISE HÍDRICA

Seca atinge 40% da Europa após primavera recorde de calor

Regiões turísticas e agrícolas enfrentam estresse hídrico e escassez de água, com impactos diretos na produção de alimentos e na geração de energia.

7 de junho de 2025
3 min. de leitura
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Europa. Foto: Unsplash

Mais de 40% do território europeu enfrenta algum nível de seca, de acordo com o último relatório do Observatório Europeu da Seca (EDO, na sigla em inglês), referente ao período de 11 a 20 de maio. A situação é resultado direto de uma primavera excepcionalmente quente e seca, impulsionada pelas mudanças climáticas.

Áreas do sudeste da Espanha, Chipre, Grécia e dos Bálcãs estão sob “alerta” máximo. Já o “aviso” de seca cobre amplas regiões do norte e leste da Europa. Março foi o mês mais quente já registrado no continente, e alguns países enfrentaram seu março mais seco, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S).

Locais turísticos populares, como Santorini e Mykonos, estão entre os mais afetados. Nessas ilhas gregas, a água precisa ser transportada de Atenas ou produzida por usinas de dessalinização para abastecer hotéis, piscinas e chuveiros. A superlotação de turistas agrava o problema. “O setor turístico é insustentável e não há planejamento”, afirmou o professor Nikitas Mylopoulos, da Universidade de Tessália, à Sky News. Ele destaca, no entanto, que a agricultura continua sendo a maior responsável pelo consumo de água no país, agravado por desperdício e políticas ineficazes.

A seca ameaça a produção agrícola em grandes áreas da Ucrânia, um dos países que mais aquecem na Europa — com temperatura média 2,7 °C acima da registrada entre 1951 e 1980. Como grande exportadora de grãos, a redução da safra ucraniana pode impactar a segurança alimentar global. Polônia e Eslováquia também enfrentam condições secas semelhantes.

O alerta de seca se estende ainda a partes da Turquia, Síria, Líbano, Israel, Palestina, Jordânia, Iraque, Irã e Azerbaijão. No norte da África, os níveis de alerta e aviso permanecem altos há mais de um ano.

No norte da Europa, temperaturas acima da média continuam a agravar o problema. Quase 40% da União Europeia e do Reino Unido estão sob aviso de seca, com impactos também na geração de energia. Segundo a Associação Internacional de Hidreletricidade, o fenômeno do “clima chicote” — alternância entre secas e chuvas intensas — força as usinas a operar no limite de sua capacidade.

Estudos científicos já confirmaram que o aquecimento global tornou a seca generalizada de 2022 cerca de 20 vezes mais provável. Ainda não há uma análise conclusiva sobre a primavera de 2025, mas especialistas afirmam que o aumento das temperaturas e a mudança nos padrões de chuva estão tornando as secas mais frequentes e severas. “O equilíbrio climático que permitia a recuperação dos recursos hídricos foi alterado”, explicou Andrea Toreti, do observatório europeu do Copernicus.

Fonte: Um só Planeta

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