Além da população ribeirinha, que sofre com uma estiagem sem precedentes no Estado do Amazonas, a redução do nível das águas dos rios traz à tona outro drama: os peixes-bois, espécie já ameaçada de extinção, ficam mais vulneráveis à caça, presos em lagoas sem saída.
Nesta semana, a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), teve que ir a Autazes (AM), a 108 quilômetros da capital amazonense, depois de uma denúncia feita por populares do município. “Fomos avisados de que um lagode Autazes secou muito e os animais estavam expostos, sendo vítimas de caça. Então, mobilizamos essa equipe para fazermos a fiscalização e conscientização ambiental, a fim de proteger essa espécie”, disse Jone César Silva, diretor da Ampa.
Em períodos de seca, Silva explica que é comum os peixes-bois migrarem para lagos profundos, onde aguardam as enchentes. Mas em estiagens mais severas, como essa de agora, os animais ficam muito mais vulneráveis ao abate.
“Historicamente, o peixe-boi amazônico é alvo de caça, por ter um grande interesse comercial, devido a sua carne, gordura e, principalmente, seu couro muito resistente. Hoje, mesmo protegido por lei, ele ainda é vítima de caça ilegal e esse fator se agrava nessas épocas do ano”, destaca Silva.
Se o peixe-boi continuar sendo caçado, alerta o diretor da Ampa, ele pode deixar de existir, como ocorreu com a vaca-marinha-de-steller, parente do peixe-boi extinto no século 18, após 27 anos de sua descoberta.
“O peixe-boi é uma espécie endêmica da região. Ele tem um papel importante para o equilíbrio do ecossistema”, ressalta.
Fonte: EPTV