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Se as emissões de gases estufa caírem, ursos polares podem ainda ser salvos

15 de dezembro de 2010
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Fêmea na Baía de Hudson, Canadá, em agosto de 2010, esperando a formação de gelo na região. Foto: Steven C. Amstrup/ Polar Bears International

Imagens de ursos polares boiando em placas de gelo, sem acesso a comida, tornaram-se um dos mais fortes símbolos dos efeitos do aquecimento global, comovendo muita gente mundo afora. Previsões assustadoras foram divulgadas, como a pesquisa do Serviço Geológico dos Estados Unidos (na sigla em inglês, USGS), de 2007, dizendo que até meados deste século grande parte dos Ursus maritimus desapareceria caso as emissões de dióxido de carbono e outros gases continuassem aumentando no mesmo ritmo.

Mas um estudo do próprio USGS publicado hoje na revista Nature traz previsões otimistas. Usando modelos de projeção baseados em diferentes cenários de emissão de gases de efeito estufa, cientistas concluíram que se a emissão for reduzida substancialmente em um futuro próximo, a perda de gelo no Ártico seria substituída pela retenção e recuperação do gelo perdido.

“O nosso objetivo com este trabalho foi testar se o futuro que havíamos previsto em 2007 era mesmo inevitável, como muitos concluíram. Embora pareça óbvio que reduzir as emissões beneficiaria os ursos polares e seus habitas no gelo, não havia dados ilustrando que essa expectativa é real”, diz ao iG Steven C. Amstrup, responsável pela pesquisa. Amstrup agora é cientista da Polar Bear International, organização dedicada à conservação de ursos polares e seus habitats, mas assina o trabalho como parte do USGS.

Um dos modelos defendidos do efeito do aquecimento global é o do “tipping point”, ou ponto de virada: se a temperatura da terra atingir um certo ponto, a perda de gelo no Ártico será irreversível.

Os autores do trabalho da Nature sugerem que não existe esse ponto de virada, e sim uma relação linear entre temperatura e cobertura de gelo. “Se as pessoas, especialmente as tomadoras de decisão no governo e na indústria, acreditarem que não há nada que possa ser feito, elas não farão nada. Há a percepção em muitos círculos de que os ursos polares estão condenados e que não há nada que possa ser feito para salvá-los. Fazendo os testes do trabalho, demonstramos que algo pode sim ser feito”, diz Amstrup.

Embora as mudanças observadas no Ártico, como perda de gelo e diminuição das populações de urso polar, sejam as mais óbvias, a redução da emissão de gases de efeito estufa beneficiaria inúmeras espécies distribuídas pelo mundo inteiro, defende o pesquisador.

Ursos polares usam os gelos do mar para chegar até sua fonte de alimento, as focas. Com o aumento da temperatura da terra, os ursos têm permanecido por períodos cada vez mais longos sem acesso ao gelo. Eles foram listados como espécies ameaçadas de extinção em 2008, e são considerados sentinelas do ecossistema do Ártico.

Fonte: IG

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