Os olhos dos animais são delicados e podem apresentar irritabilidade por coceira ou em decorrência de algum elemento externo. Os cuidados com a higienização da área e a atenção a qualquer sinal de alteração devem ser frequentes.
“Os problemas oculares podem aparecer em qualquer idade, algumas patologias como a catarata são mais comuns em animais idosos, mas mesmo a catarata pode também aparecer em animais jovens e até filhotes”, revela Elaine Pessuto, médica veterinária, professora e diretora do CETAC – Centro de Ensino e Treinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária.
Mas quais sinais indicam que cães e gatos estão com algum problema de visão? Segundo a veterinária é possível notar alterações na aparência dos olhos, como excesso de secreção ocular, alteração na cor da secreção ocular, opacificação dos olhos, vermelhidão excessiva na esclera (parte branca dos olhos), além de incômodo e dor, que são demonstrados pelos animais através de fotofobia, piscadelas, tentativas de passar as patinhas nos olhos, raspar os olhos no chão, tapetes e sofás.
“Podemos ainda perceber que mesmo em ambientes conhecidos os animais começam a ter dificuldade durante a locomoção batendo em móveis, quinas e paredes, mas essas falhas na visão podem ser notadas em fases iniciais como uma insegurança do animal em saltar de locais que ele estava habituado, principalmente no escuro ou na penumbra”, esclarece a dra. Elaine.
Algumas raças de cães são mais suscetíveis e predispostas a determinadas doenças oculares. “ Em animais jovens e ou de olhos grandes (pugs, bulldogs, shih tzu, lhasas, pequinês) as doenças mais comuns são as de origem traumática, como as úlceras de córneas, devido ao grau de atividade dos filhotes e a conformação dos olhos dessas raças. Nessas raças também é comum a saída de uma glândula que fica abaixo da pálpebra (o nome desse problema é protusão da glândula da terceira pálpebra ou cherrie eye como denominam os americanos). Já nos idosos é comum a catarata, os poodles são bastante predispostos, mas qualquer cão pode apresentar a catarata senil. Em gatos as doenças traumáticas são mais comuns”, alerta a veterinária.
Os cães das raças shih tzu, lhasa, pugs e bulldogs são predispostos a protusão da glândula da terceira pálpebra, que também é conhecida como protusão da glândula de harder ou cherrie eye. Essa doença se caracteriza por uma ‘bolinha’ no canto interno do olho, esse problema é tratado cirurgicamente. A cirurgia visa reposicionar a glândula no lugar e jamais retirá-la, pois ela é responsável por parte da produção do filme lacrimal.
Além de iniciar o tratamento adequado ao estado de saúde de seu animal, o tutor também deve adotar algumas mudanças em casa para garantir a locomoção segura e qualidade de vida de cães e gatos que estão com problemas oculares. “O ideal é manter os móveis no mesmo lugar em casos de perda de visão aguda ou gradativa, pois contamos com a memória espacial dele a fim de reduzir as possibilidades de impacto, mas medidas como colocar protetores de silicone nas quinas são extremamente válidas”, orienta a diretora do CETAC.
Confira dicas valiosas da dra. Elaine Pessuto para identificar e tratar corretamente catarata, úlcera de córnea e o glaucoma:
√ Catarata: pode ser notada pelo tutor através da opacificação da córnea, nota-se que os olhos vão ficando esbranquiçados e o animal começa a apresentar dificuldade de enxergar. O tratamento é cirúrgico, mas nem toda catarata é passível de cirurgia, por isso é importante uma avaliação completa por um veterinário especialista.
√ Úlceras de córnea: são extremamente dolorosas, assim é possível observar fotofobia, secreção ocular, tentativas de tocar os olhos. O tratamento é clínico na maioria das vezes com a utilização de colírios e analgésicos, em casos mais extremos pode ser feito também uma manobra cirúrgica.
√ Glaucoma: também é uma patologia muito dolorosa, nota-se um aumento do tamanho do olho e na maioria dos casos uma protusão do globo, ou seja, parece que ele vai ‘saltar’ das órbitas. Nesse caso também o tratamento é clínico com colírios, em casos extremos o tratamento também pode ser cirúrgico.
Fonte: Época