(da Redação)
Seguindo a recente decisão do National Institutes of Health para “aposentar” 300 de seus chimpanzés usados em pesquisas, a atenção está se voltando para onde estes animais irão se estabelecer.
Santuários dentro dos Estados Unidos serão uma escolha óbvia, mas nem todos estão equipados para receber novos chimpanzés. Esses locais precisarão de expansão, e dependem de doações para continuar operando. A Global Animal falou com Diana Goodrich, diretora do Chimpanzee Sanctuary Northeast, para entender onde estão localizados os abrigos e quais são as necessidades que esses chimpanzés terão no futuro.
O Chimpanzee Sanctuary Northwest (CSNW), localizado no estado de Washington, é lar para chimpanzés resgatados de laboratórios de pesquisas biomédicas. Os chimpanzés Annie, Burrito, Foxie, Jamie, Jody, Missy e Negra são conhecidos coletivamente como “Cle Elum Seven” devido à sua localização em Cle Elum, Washington. Para cuidar deles há uma equipe de seis pessoas, todos com formação acadêmica em Primatologia.
Assim como humanos, os chimpanzés têm uma rotina diária baseada em café da manhã, almoço e jantar. Eles se alimentam principalmente de frutas e vegetais, mas ocasionalmente também comem grãos, como Foxie, cujo prato preferido é Quinua. Os animais têm tempo para brincar e cada um tem seu brinquedo favorito. Foxie ama bonecas, Missy adora meias e Jamie tem fascínio por sapatos, especialmente botas de cowboy.
As personalidades individuais dos chimpanzés são profundamente parecidas às de humanos e enquanto a equipe de tratadores tenta simular a vida na natureza para os chimpanzés, eles devem levar em conta as suas próprias influências aos animais, pelo fato de terem sido criados em cativeiro. Uma vez que chegaram de laboratórios, faltam-lhes algumas habilidades básicas que teriam desenvolvido na natureza.
“Jamie, por exemplo, viveu com humanos por nove anos, então ela pensa que é humana”, diz Goodrich.
Quando os chimpanzés chegaram ao santuário CSNW, estavam demasiadamente quietos. “Nas primeiras semanas nós fomos muito cuidadosos, até que se sentissem confortáveis na nova casa”, conta a dona do santuário.
Alguns nunca tinham estado fora das paredes de um laboratório, nem tinham experienciado estar ao sol, e dentro de poucas semanas os animais tiveram uma transformação física, mudando para chimpanzés muito mais saudáveis. Suas faces ficaram coradas com a luz do sol e tornaram-se mais fortes, maiores e musculosos em decorrência do aumento do espaço onde passaram a viver e à nova rotina e alimentação.
O Departamento de Pesca e Vida Selvagem americano tem uma proposta de incluir os chimpanzés de laboratório nas espécies ameaçadas de extinção. Chimpanzés na natureza já são considerados ameaçados e esta regulamentação deverá dar aos explorados em laboratórios a mesma proteção. Se essa regra entrar em vigor, haverá um movimento para que mais chimpanzés de laboratório sejam libertados e precisem encontrar residências permanentes.
A realocação dos chimpanzés é delicada. Eles devem ser cuidadosamente integrados em um grupo já estabelecido e, se não houver sucesso, isso pode resultar na morte do animal. Por exemplo, Burrito, o único chimpanzé macho do CSNW poderia não ter prosperado se tivesse sido colocado em um grupo com outros machos, pois ele não apresenta uma personalidade dominante. E no CSNW, a fêmea Jamie é a dominante, não Burrito.
O CSNW e outros santuários da Aliança Norte Americana de Santuários de Primatas sobrevivem exclusivamente a partir de doações. Se realmente 300 chimpanzés forem “aposentados” dos laboratórios, faltará Santuário nos Estados Unidos para esses animais.