Por Adriane R. de O. Grey (da Redação – Austrália)
É reconfortante saber que, diferentemente do “padrão matança” adotado em lugares como o estado de Nova Gales do Sul (New South Wales), Austrália, há, em outros países, grupos que privilegiam ações de resgate e castração para controle de população da animais.
Enquanto em Nova Gales do Sul matar é a solução para “controlar” populações, incluindo até grupos de espécies nativas, vemos, com esperança, 50 gatos de rua serem salvos da “eutanásia” na ilha de S. Nicolau, que fica a 6 milhas da costa de Los Angeles, nos Estados Unidos.
A ilha pertence ao governo norte-americano e desde 1950 é utilizada pela marinha daquele país como local para a telemetria de mísseis. A HSUS (Humane Society of the United States) acredita que os gatos são descendentes de animais de estimação trazidos pelos militares e suas famílias. Aqueles gatos que não teriam sido castrados e a quem era permitida a tão comum quanto perigosa “saída noturna” seriam os ancentrais dos felinos resgatados no último dia 16 de novembro.
A HSUS teve o apoio de agências federais e estaduais e de empresas patrocinadoras neste processo. “Esta parceria com a HSUS proporciona um futuro melhor para os gatos de rua e faz da ilha de S. Nicolau um lugar mais seguro para a nidificação de aves marinhas e para seus bebês*”, afirmou Jane Hendron, chefe da divisão de relações públicas da agência federal FWS (Fish and Wildlife Service), que se dedica ao manejo das populações de peixes, da vida selvagem e de seus habitats. A remoção dos gatos beneficia ainda outros animais nativos, como a raposa da Ilha de S. Nicolau e o lagarto noturno da ilha.
As agências do governo reuniram-se à marinha para proporcionar o transporte dos gatos da ilha de S. Nicolau para o continente. A HSUS e o Fundo para o Centro de Animais Selvagens (The Fund for Animals Wildlife Center) de Ramona, Califórnia, por sua vez, agilizaram-se para construir um habitat onde pudessem recebê-los. Com a significativa ajuda financeira do grupo DoGreatGood.com, um pequeno santuário foi instalado para os 50 animais resgatados. “Este projeto é testemunho do comprometimento de múltiplas agências em chegar a um denominador comum e desenvolver soluções para gatos sem lares em áreas onde há espécies ameaçadas ou em vias de extinção. Os gatos da Ilha de São Nicolau merecem a oportunidade de viver uma vida longa e feliz e nós estamos orgulhosos de lhes oferecer nosso santuário*”, afirma Betty McFarland, diretora senior de Animais Domésticos da HSUS.
Se não fosse pelo esforço da HSUS, do Fundo para o Centro de Animais Selvagens, que se anteciparam para proporcionar aos gatos um lar permanente, e pelo apoio da DoGreatGood.com, estes animais teriam sido “eutanasiados”.
Depois de uma pequena quarentena, 40 gatos já estavam no novo habitat. Após o estresse da captura e do voo, os animais estão, aos poucos, aprendendo a conviver entre si e com seres humanos e mesmo alguns mais ariscos já vêm receber os tratadores procurando um afago. Os filhotinhos que fazem parte do grupo serão imediatamente encaminhados para a adoção. Os outros têm ainda um período de adaptação pela frente e, pelo menos por enquanto, vão ficar no santuário.