A Zona Marinha de Conservação Teno-Rasca, lar do primeiro santuário de baleias oficial da Europa, está sob pressão crescente da atividade turística não regulamentada, pondo em risco uma das maiores populações mundiais de baleias-piloto-de-barbatana-curta e espécies ameaçadas, como as tartarugas-cabeçudas.
Localizada na movimentada costa sudoeste de Tenerife, a área protegida de 70 mil hectares foi declarada zona de conservação em 2011. Ela abriga mais de 300 baleias-piloto residentes e até 20 outras espécies de cetáceos, junto com tartarugas marinhas ameaçadas.
Em teoria, regras rigorosas proíbem nadar com baleias e golfinhos, persegui-los ou alimentá-los, e restringem o número de embarcações permitidas perto dos grupos. Na prática, porém, a fiscalização é limitada.
Jet skis, barcos rápidos e excursões não autorizadas frequentemente se aproximam da vida marinha em alta velocidade. Grupos de conservação relatam colisões, estresse e mudanças no comportamento dos animais, enquanto o ruído subaquático atrapalha sua comunicação e descanso. Um pesquisador local alertou: “Os animais estão sofrendo estresse crônico. As tartarugas correm risco de colisão e as baleias estão alterando seu comportamento natural para evitar perturbações.”
A observação de baleias e golfinhos é uma fonte de renda essencial para muitos operadores locais licenciados, mas eles enfrentam a concorrência desleal de negócios ilegais que oferecem passeios de caiaque e mergulho com golfinhos e tartarugas por apenas € 40. Os operadores licenciados devem exibir uma bandeira de “Barco Azul”, mas as autoridades admitem que as inspeções e sanções ainda são esporádicas.
Em 2023, o Ministério da Transição Ecológica da Espanha impôs uma moratória sobre novas licenças para barcos de observação de baleias para conter os danos, mas especialistas argumentam que isso é insuficiente sem uma fiscalização mais forte das embarcações recreativas privadas. O navio de vigilância Mar Canario, adquirido em 2019 para patrulhar as áreas de conservação, supostamente esteve ausente durante os principais meses de verão turístico.
Antropólogos e biólogos marinhos da Universidade de La Laguna apontam a falta de coordenação entre as administrações e a fiscalização limitada como as maiores fragilidades do santuário. Eles enfatizam que a educação para turistas e empresas é essencial, mas não pode substituir uma regulamentação e vigilância eficazes.
Para os visitantes, a mensagem é clara: o santuário de baleias de Tenerife é único, frágil e vale a pena ser protegido. Respeitar as regras ao reservar excursões ou usar embarcações é vital para garantir que as futuras gerações possam continuar a desfrutar desses animais extraordinários.
Traduzido de Canarian Weekly.