A Secretaria Municipal de Santos, na Baixada Santista (SP), pretende suspender o uso de rastelos (instrumentos com uma grade com dentes) que, presos a um pequeno trator, realizam a limpeza da areia em um trecho da praia. A ideia é testar a hipótese de que o equipamento estaria contribuindo para o desaparecimento da biota marinha (organismos como conchas, moluscos e pequenos crustáceos), cuja presença é cada vez mais rara à beira-mar.
“Ainda não há uma pesquisa científica que comprove o desaparecimento dessa biota marinha, mas essa é uma impressão da comunidade”, afirmou o secretário municipal do Meio Ambiente, Fábio Alexandre Nunes, que acredita na possibilidade dos rastelos, utilizados desde 1996, terem retirado ao longo dos últimos anos parte da fauna marinha junto com o lixo. Professor de biologia, Fábio pretende aproximar a comunidade científica do problema e, por meio de parcerias com universidades, testar a hipótese em um trecho da praia.
“Poderíamos substituir o uso do rastelo pela limpeza manual em um trecho entre dois canais, por exemplo (entre 650 e 1050 metros) em um período de seis meses a um ano para testar se essa fauna retornaria”, disse. Ele explicou que o período é suficiente para tal comprovação levando em conta o ciclo de vida dessas espécies.
Há quatro anos, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente estuda possibilidades de aprimorar o plano de manejo das praias que, após cem anos de intervenção do homem e das construções dos canais, requer um trabalho específico de limpeza e gestão do assoreamento. “Nosso objetivo é ampliar o conceito de balneabilidade de todo o contexto da praia, analisando a possibilidade de recuperação desse ambiente marinho, para atrair mais peixes, aves, toda a fauna”, disse o secretário.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul