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PROTETOR DAS CRIANÇAS

Santo Guinefort: há 600 anos, cão virava padroeiro e desafiava a repressão da Igreja Católica

28 de março de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução

A história de Saint Guinefort, um galgo venerado como santo padroeiro das crianças na França medieval, revela uma devoção popular que transcendeu as doutrinas oficiais da Igreja Católica. Sua lenda, que se espalhou por quase 600 anos, narra a trágica história de um cão injustamente morto e transformado em símbolo de proteção e cura.

Segundo a tradição oral, Guinefort era o fiel companheiro de um cavaleiro que vivia em um castelo próximo a Lyon. Um dia, o cavaleiro deixou seu filho recém-nascido sob os cuidados do cão enquanto saía para caçar. Ao retornar, encontrou o berço revirado e o animal com o focinho ensanguentado. Cego de raiva, o cavaleiro matou o galgo, acreditando que ele havia devorado a criança. No entanto, logo descobriu que o cão havia, na verdade, protegido o bebê de uma cobra venenosa, pagando com a própria vida.

Arrependido, o cavaleiro enterrou Guinefort e, com o tempo, o local se transformou em um santuário onde mães buscavam a cura para seus filhos doentes. A devoção ao cão santo cresceu rapidamente, com direito a um dia de festa, celebrado em 22 de agosto.

A popularidade de Saint Guinefort logo chamou a atenção da Igreja Católica, que via a veneração de um animal como heresia. O inquisidor dominicano Esteban de Bourbon foi enviado à França para investigar o culto e ordenou a destruição do santuário, proibindo a devoção sob pena de excomunhão.

Apesar da repressão, a devoção a Guinefort persistiu por séculos, principalmente entre os camponeses locais. Paradoxalmente, a história do cão santo sobreviveu graças ao relato do próprio Bourbon, registrado no “Tractatus de diversis materiis predicabilibus”.

Com o tempo, o culto a Saint Guinefort perdeu força, mas sua lenda permaneceu viva, um testemunho da fé popular e da capacidade das histórias de transcendem as barreiras religiosas. A figura do galgo protetor inspirou obras de arte e literatura, e sua história continua a intrigar e emocionar pessoas ao redor do mundo.

Em 2015, o Papa Francisco, em sua encíclica “Laudato si'”, afirmou que “a vida eterna será uma maravilha compartilhada, onde cada criatura, luminosamente transformada, tomará seu lugar e terá algo a contribuir para os pobres que são definitivamente libertados”.

Fonte: Aventuras na História

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