Talvez você não saiba, mas esta é uma doença muito comum entre os felinos. Um estudo realizado na Austrália em 2001 constatou que o número de gatos afetados por ela pode chegar a 20% da população total. Estima-se que seis entre cada dez animais apresentem a enfermidade. Conhecida como Insuficiência Renal Crônica, ela afeta esses animais porque eles têm uma grande predisposição a segurar a urina e ingerir menos água. “Isso acontece porque os ancestrais do nosso gato são felinos do deserto. Seus rins evoluíram para extrair a água presente nos alimentos”, explica Sylvia Angélico, veterinária e nutróloga (SP). “A Doença Renal Crônica (DRC) corresponde a uma disfunção renal primária que persiste de meses a anos. A patologia é caracterizada pela lesão irreversível de quase três quartos dos néfrons, as unidades funcionais dos rins”, explica Renata Beccaccia Camozzi, médica veterinária do Hospital Veterinário Pet Care (SP).
Fique de olho
Nos casos de DRC, o adoecimento é lento, gradual e praticamente assintomático, mas capaz de acarretar grandes danos ao bichano. Marcela Malvini Pimenta, especialista em medicina felina e membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFel), conta que a causa dessa patologia é multifatorial. Podem ser observadas alterações no próprio rim, como a nefrite tubulointersticial crônica (inflamação do órgão), a existência de cistos renais, ou ainda em decorrência de doenças imunologicamente mediadas, como o linfoma renal. Entre as consequências mais comuns estão os cálculos renais e a infecção urinária. “Na maioria das vezes, as primeiras manifestações da DRC são o aumento do volume urinário e da ingestão de água. Os sintomas relacionados à retenção de toxinas no sangue só aparecem quando a doença encontra- se em estágio avançado”, diz Marcela. Os principais sinais são alteração da cor da urina (muito clara e sem cheiro), dor, dificuldade para urinar, pelos sem brilho e arrepiados, prostração, perda de peso, diminuição do apetite, desidratação e vômito. Renata lembra a importância de manter os exames veterinários em dia e de se fazer os procedimentos adequados. “Os exames de sangue são os mais utilizados para identificar a DRC, no qual se dosam a ureia e a creatinina sérica – substâncias que mensuram de forma indireta a função dos rins”, explica.
Não tem cura
Marcela, especialista em felinos, explica que, como a doença renal crônica não pode ser curada, tudo que a medicina pode oferecer é a possibilidade de evitar ou desacelerar a deterioração dos rins, bem como aliviar as complicações que a doença acarreta no corpo todo. “O tratamento deve ser individualizado, de acordo com os sintomas e alterações de cada paciente. Um dos aspectos fundamentais é manter a hidratação do gato. Para estimulá-lo a tomar água, ofereça sempre água limpa e fresca, em recipientes largos e rasos e rações úmidas”, ensina.
Perigo para os persas
Conhecida como nefropatia policística, a doença renal policística, ou PKD “tem origem hereditária. Trata-se de um gene do tipo autossômico dominante comum em gatos da raça Persa, com prevalência de até 49%”, diz Marcela. Como causa uma série de cistos, a doença colabora para a ocorrência de fibrose do tecido renal e o desenvolvimento de um quadro de DRC . Todo gato Persa deve fazer testes genéticos. Se carrega o gene, não deve acasalar. “Acompanhamento médico é fundamental”, alerta a veterinária.
Fonte: Revista Viva Saúde